Com a ajuda de tecnologia, produtor obtém 14,4 mil quilos por hectareUm produtor de Santo Augusto, no noroeste do Estado, encerrou no início desta semana a colheita de milho em 155 hectares irrigados de sua propriedade com a certeza de bons lucros nesta safra. Enquanto a Emater espera média de 3,27 mil quilos por hectare nos 1,309 milhão de hectares cultivados com o grão em território gaúcho, Gilberto Luiz Camera, 47 anos, obteve rendimento de 14,4 mil quilos por hectare. Em razão da estiagem, a Emater projeta que a safra gaúcha de milho seja de 4,284 milhões de toneladas – 18,05% abaixo da anterior. Com base em cálculo do Valor Bruto de Produção, ao preço médio de R$ 20,80 a saca, os produtores gaúchos deixarão de receber cerca de R$ 420 milhões. A área de Camera foi plantada com sementes DKB 240 e DKB 234, de alto potencial produtivo. O produtor também investiu na agricultura de precisão, com análises de solo a cada dois hectares. Assim, os insumos foram distribuídos de maneira a elevar o desempenho. Conforme o agricultor, o custo para formação da lavoura ficou em torno de R$ 1,5 mil por hectare. Mas ele ressalta que, sem a irrigação, o investimento teria sido desperdiçado com a falta de chuva que atingiu a região nos meses de novembro e dezembro. – Temos uma área de milho sem irrigação em que a média foi bem mais baixa, em torno dos cem sacos (6 mil quilos) por hectare. Menos da metade dos 240 sacas (14,4 mil quilos) que estamos colhendo na área irrigada – destacou Camera. Com a saca de 60 quilos de milho valendo cerca de R$ 20, o produtor estima que o lucro será de R$ 3,3 mil em cada hectare. De acordo com Camera, isso é uma prova de que o milho é uma cultura viável porque traz lucros, além de ser fundamental para o solo na rotação de culturas. Não existem registros de recordes gaúchos ou brasileiros na produtividade de milho. Na Embrapa Milho e Sorgo, com sede em Minas Gerais, o pesquisador Israel Alexandre Pereira Filho afirma que há produtores que já registraram médias superiores, de até 17 mil quilos por hectare. Mas geralmente em áreas reduzidas, de cerca de cinco hectares. – É uma demonstração de que a alta tecnologia, o cuidado no preparo do solo e água na quantidade ideal propiciam marcas impressionantes – afirmou o engenheiro agrônomo da Emater, Dulphe Pinheiro Machado Neto.