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Milho - País colhe primeira safra de milho transgênico
Data: 16/03/2009
 
Os agricultores brasileiros estão colhendo a primeira safra de milho transgênico do País, cujo cultivo de seis variedades foi autorizado em 2007 pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Diferentemente do que ocorreu com a soja, quando o plantio de sementes piratas ocorreu antes da liberação, os produtores de milho observam nessa primeira temporada de cultivo os benefícios da nova tecnologia. A principal expectativa não é por maior produtividade, mas por menores quebras provocadas por agentes externos, como a lagarta do cartucho.
O presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Odacir Klein, define essa primeira safra como experimental. "Houve um plantio pequeno, mas que agora vai aumentar na safra de inverno, inclusive porque nem todas as variedades aprovadas pela CTNBio foram colocadas à venda", afirma.
A partir dos resultados obtidos em outros países e nas pesquisas realizadas, Klein diz que o benefício será obtido no aumento da produção em função da diminuição das quebras de safras. "Ainda não é possível medir, mas para o futuro o aumento da safra se dará pela menor ação dos agentes externos", diz. O dirigente se refere especialmente à lagarta do cartucho, que não ataca determinadas variedades transgênicas, e à possibilidade de uso de glifosato, benefício oferecido por outro tipo de semente.
O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, José Carlos Cruz, acrescenta outras vantagens que devem ser observadas com o cultivo: redução de custos com o menor uso de inseticidas e do impacto ambiental. Cruz realizou um levantamento com 1,1 mil grandes produtores brasileiros (com produtividade média de 8 mil quilos por hectare) e constatou que 31% deles realizam quatro aplicações de inseticida, enquanto 6% fazem mais de seis procedimentos. Nas variedades transgênicas, isso não é necessário. "O produtor vai gastar menos em mão-de-obra, terá mais comodidade e o impacto no meio ambiente será menor", interpreta.
Tanto Klein quanto Cruz avaliam que os gastos menores com os inseticidas e com os trabalhadores e equipamentos poderão compensar os preços mais elevados das sementes transgênicas em comparação com as convencionais, cuja diferença fica em R$ 100,00, em média. "O produtor terá que examinar essa diferença para observar o que é mais vantajoso", alerta Klein. Para isso, o dirigente da Abramilho recomenda que ele lance mão do apoio dos serviços técnicos das cooperativas, Emater ou outras entidades.
Sobre a comercialização, Odacir Klein estima que não há riscos para os agricultores, uma vez que os principais exportadores mundiais do grão - Estados Unidos e Argentina - são grandes produtores de transgênicos. Por outro lado, aqueles que optarem por permanecer com sementes convencionais poderão se beneficiar de eventuais cotações maiores oferecidas por nichos de mercado que exigem o grão não-transgênico.
Nesta segunda-feira(16), o assunto será discutido no Fórum Nacional do Milho, dentro da programação da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. Um dos temas que será abordado é sobre a coexistência das lavouras transgênicas e convencionais, assim como a armazenagem diferenciada.

Fonte: Jornal do Comércio
 
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