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Cultivar arroz irrigado com menor volume de água e sem que isso implique em queda na qualidade do produto é possível. A afirmação vem do monitoramento realizado por profissionais da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o projeto Tecnologias Sociais para a Gestão de Água (TSGA), desenvolvido desde 2007 em lavouras de municípios da bacia do rio Araranguá.
Segundo dados preliminares do trabalho, é possível produzir o grão reduzindo o consumo entre 20% e 30%, o que seria suficiente, segundo Paulo Belli Filho, coordenador do programa, para abastecer a população do sul catarinense. Na área da bacia do rio Araranguá, aproximadamente 50 mil hectares são destinados ao cultivo de arroz, que, segundo o engenheiro agrônomo da Epagri de Araranguá, Antonio Sergio Soares, consomem durante a safra, entre 5 mil e 8 mil metros cúbicos de água por hectare.
TSGA pretende, segundo o professor da Ufsc, aumentar a capacidade de gestão local de comunidades de bacias hidrográficas, disseminando e implementando práticas de produção e saneamento do meio rural como tecnologias sociais para que ocorra o uso sustentável da água. Para isso, o TSGA trabalha em diferentes frentes: diagnóstico, avaliação, tratamento, prevenção e redução da poluição hídrica, bem como em modelos e estratégias de conservação da natureza, com a participação social. No caso do Extremo Sul, o trabalho teve como foco o monitoramento da quantidade e qualidade da água nas lavouras de arroz. O projeto também desenvolve atividades em Concórdia (visando estudar melhor os problemas de estiagem e o uso da água na suinocultura), Urubici (região de recarga do Aquífero Guarani), Orleans (que possui um dos melhores exemplos de saneamento básico do Estado) e Braço do Norte (água versus suinocultura).
Os estudos do projeto, com patrocínio da Petrobras, terminarão em meados deste ano. No entanto, as entidades envolvidas continuarão com um trabalho de conscientização e disseminação de informações sobre o manejo racional dos recursos hídricos. Para garantir um melhor aproveitamento da água, as recomendações dos pesquisadores do TSGA para os rizicultores é que a área a ser cultivada seja inundada com maior antecedência, as taipas sejam fortes, que mantenham as saídas dos drenos fechadas, evitem plantar em áreas altas e em margens dos rios, mantenham a lâmina d"água baixa, melhorem os canais de irrigação e construam barragens ou açudes e mantenham encostas florestadas e reflorestadas.

Prevenção de inundações
Na bacia do rio Araranguá, o programa também visa atuar na previsão e na prevenção de inundações. Para isso, cerca de 30 estações agrometeorológicas devem ser instaladas, ainda neste ano, a um raio de dez quilômetros uma da outra, perfazendo uma área de controle de dados entre 600 e 700 quilômetros quadrados, segundo Belli. "As estações medirão a quantidade de água na bacia, que é plana e frágil. Dessa maneira, poderemos avaliar melhor os riscos de inundação. A bacia do rio Araranguá será a bacia hidrográfica mais bem monitorada do País ", afirma. O acompanhamento servirá para informar a população sobre a possibilidade de enchentes e, assim, evitar inclusive estragos maiores. Cada estação será equipada de maneira que os dados sejam todos passados para computadores. A intenção é, futuramente, disponibilizar esses dados para qualquer pessoa via celular. O professor explica que parcerias com prefeituras da região estão sendo alinhavadas para que o poder municipal dê suporte para a continuidade do trabalho, e com isso, possibilitar que as informações estejam disponíveis para a maior quantidade de pessoas possível.

Fonte: A Tribuna - Criciúma