Os agricultores norte-americanos estão se preparando para plantar volume recorde de soja, e a demanda por milho está caindo, empurrando os preços para os níveis mais baixos de mais de dois anos. O recuo da produção pecuária e o colapso do crescimento do setor de etanol são os principais motivos da retração da demanda norte-americana por grãos. Criadores de gado bovino, suíno e de aves pretendem reduzir seus rebanhos simultaneamente pela primeira vez desde 1973, segundo mostram dados do Departamento de Agricultura dos EUA (Usda).
Plantio recorde Um ano depois que os preços recorde dos grãos desencadearam revoltas populares no Egito e escassez de alimentos na Argentina, os produtores rurais dos EUA vão ocupar uma área recorde de 163,7 milhões de acres (66,30 milhões de hectares) com grãos, segundo pesquisa realizada pela Bloomberg. Os campos cultivados com soja terão uma expansão de 4,5%. Embora a área plantada com milho deva diminuir em 1,5%, a recessão obrigará os criadores americanos de gado e os produtores de laticínios e de etanol a reduzirem as compras, o que fará com que o país acumule os maiores de estoques para um mês de março das duas últimas décadas, segundo revela a pesquisa. "Tudo já está preparado para que (o país) produza mais do que o mundo necessita, salvo quaisquer condições climáticas extraordinárias", disse Jim Gerlach, presidente da corretora A/C Trading Inc. do Estado norte-americano de Indiana. Os preços dos contratos à vista de soja deverão cair 28%, para menos de US$ 6,50 o bushel pela primeira vez desde abril de 2007, enquanto o milho vai despencar 31 por cento, para menos de US$ 2,50, seu patamar mais baixo desde outubro de 2006, disse Bill Gary, presidente da Commodity Information Systems, que negocia grãos desde 1961. "Esta recessão vai durar muito mais do que a da década de 1970", prejudicando a demanda por matérias-primas, disse Gary. "Não prevejo qualquer movimento altista importante".