Soja - Soja permanece instável enquanto o milho não para de cair
Data:
06/04/2009
O mercado de soja continua bastante volátil neste início de ano. Depois das quedas de novembro, os preços da oleaginosa voltaram a subir até meados de janeiro, no momento em que a seca na Argentina preocupava o mercado e a China comprava grandes volumes de soja dos EUA. No entanto, a alegria dos produtores durou pouco, já que o mercado não conseguiu sustentar as altas e voltou a recuar com o agravamento da crise financeira mundial que levou os mercados acionários aos menores níveis em 12 anos nos EUA. Além do aspecto crise, a melhora das condições das lavouras sul-americanas contribuiu para o recuo dos preços no mercado internacional, essencialmente na Argentina, onde as chuvas retornaram em bons volumes. Nem mesmo a agressividade dos compradores chineses nos EUA e no Brasil (elevando os prêmios de exportação) e os conflitos entre produtores e governo na Argentina foram suficientes para acalmar o mercado, que sofreu com o intenso movimento de liquidação de fundos de investimento, especialmente no início de março. Mais uma vez ficou clara a importância dos macro-mercados sobre a movimentação dos preços das commodities no mercado internacional. O dólar teve um movimento contrário aos preços em Chicago, subindo em fevereiro e recuando em meados de março, um reflexo da movimentação dos mercados financeiros internacionais. De agora em diante, o mercado de soja tende a permanecer bastante volátil. Na segunda semana de março, o governo americano atualizou suas projeções de oferta e demanda nos EUA, ajustando para baixo os estoques de passagem devido ao aumento nas exportações, o que deixa o mercado mais apertado e aumenta a necessidade da soja em garantir uma área maior de plantio na próxima temporada no país. O mês de março é crítico para esta definição. De qualquer forma, mesmo que o quadro de oferta e demanda internos nos EUA esteja restrito, o quadro mundial é um pouco mais tranqüilo, e desde que a Argentina exporte o volume de soja e derivados próximo aos anos anteriores, a expectativa de retração na demanda mundial deixa o mercado mais baixista. Em meio a estas indefinições, os preços da soja tendem a continuar sob influência principal dos mercados financeiros. Claro, o desenvolvimento da safra norte-americana e o desenrolar dos conflitos na Argentina também podem impactar o mercado, mas os financeiros serão determinantes, especialmente na movimentação dos fundos.
MILHO Mercado de milho não para de cair. O grande volume de estoques de passagem, que segundo a CONAB totaliza 11,8 mi/tons em meio à entrada da safra nos Estados do Sul do país, mesmo com perdas de produtividade em função da seca, atuaram como fatores de pressão aos preços. Somada a isso, a retração do consumo na produção animal, com queda no alojamento de aves e nas exportações (em receita e volume), também compromete o cenário para os preços do cereal no Brasil. As exportações de milho até iniciaram o ano bem, mas em fevereiro já houve queda no volume e o mercado interno fica ainda mais ofertado. Olhando em termos de cenários futuros, a expectativa para o curto prazo é de que os preços possam recuar mais um pouco em função da maior oferta sazonal que caracteriza o período em um ano de estoques recordes. Depois disto, o mercado concentra as atenções na safrinha e nas exportações. Com relação à safrinha, o mercado espera uma área inferior ao ano passado. No entanto, acima do que se estimava inicialmente, já que a frustração da primeira safra e a queda dos preços dos fertilizantes tendem a incentivar o plantio, especialmente no Paraná. O fato do governo ter lançado opções de venda para milho safrinha também incentiva o plantio. Confirmando-se uma produtividade normal na segunda safra, os preços do milho tendem a continuar pressionados pelo menos até meados de 2009. Depois, a movimentação ficará dependente das exportações e da recuperação da demanda na produção animal, ambos aspectos, no momento, incertos.