As cotações do complexo soja recuaram ontem em Chicago motivadas pela realização de lucro dos investidores. A movimentação foi provocada pelas seguidas altas registradas na semana passada, o que teria criado oportunidade para as vendas de ontem. No entanto, analistas acreditam que o fim da isenção de taxas sobre as importações de soja e seus sub-produtos anunciada ontem, na Argentina, pode elevar as cotações nos próximos dias. O objetivo do governo argentino é privilegiar o mercado interno do grão para produção industrial de farelo e óleo de soja. A Argentina é o maior exportador mundial de farelo e óleo de soja. Mas, ao mesmo tempo, é importante comprador de soja em grão de seus vizinhos, especialmente Uruguai e em menor quantidade do Paraguai e Bolívia. "Hoje (ontem) não teve reflexo no mercado. Mas os preços podem reagir, especialmente no caso do farelo e do óleo, caso o governo argentino mantenha a decisão", avaliou Flávio França Júnior, analista da Safras & Mercado. Os processadores de óleo e farelo recebiam isenção de exportação para o farelo e óleo produzidos a partir de grãos importados. Os papéis da soja com entrega para julho fecharam em US$ 9,9350 o bushel, queda de 0,1%. O óleo para julho acompanhou a baixa e ficou em 35,26 centavos de dólar a libra-peso (0,45 quilos), queda de 0,8%; seguido pelo farelo com US$ 333 a tonelada, baixa de 0,03%. França Júnior conta que essa isenção de taxas permitiu o desenvolvimento da indústria local, elevando a Argentina à condição de maior exportador de óleo e farelo do mundo. O benefício também estimulou os investimentos pela indústria local, o que resultou em uma gigantesca capacidade instalada, que, sem a possibilidade de importação do grão com isenção de tributos, poderá passar a amargar elevada ociosidade. "Com a finalidade de proteger a renda dos produtores agregando valor às mercadorias destinadas à exportação, a utilização de matérias-primas nacionais deve ser privilegiada em relação às importadas", afirmou o governo em resolução publicada no Diário Oficial. Os agricultores argentinos estão em uma disputa com o governo de Cristina Kirchner sobre as taxas de exportação de soja. Eles têm segurado suas vendas na expectativa de um aumento nos preços globais ou de um possível corte dos impostos.