O mau humor que atingiu o mercado financeiro derrubou as cotações dos principais grãos negociados ontem em Chicago. A agitação no mercado de ações contribuiu para a queda do petróleo e alta do dólar, principal balizador das commodities agrícolas, o que segundo analistas contribuiu para a segunda queda dos preços na semana. "A revisão para cima da próxima safra de grãos brasileira não teve impacto nenhum no mercado. As cotações devem continuar nos patamares atuais até surgir alguma notícia nova e relevante", observa Élcio Bento, analista da Safras&Mercado. Os contratos de trigo com entrega para julho fecharam em US$ 5,5175 o bushel (27,2 quilos), recuo de 3%. "Hoje (ontem), os principais fatores para essa baixa foram o mau comportamento do mercado acionário, a queda nos preços do petróleo e a valorização do dólar", completa. No entanto, analistas de outros países afirmam que a queda foi provocada pelo relatório brasileiro. "O milho e a soja devem cair porque o Brasil aumentou inesperadamente suas previsões de produção para 2009. As chuvas amenizaram a pressão da seca nas principais regiões produtoras do país", disse Gregg Hunt, analista de mercado da Fox Investments. Os agricultores brasileiros vão colher 58,1 milhões de toneladas de soja, em comparação com a previsão de março de 57,6 milhões de toneladas, disse ontem o ministro da Agricultura. A produção de milho vai totalizar 51,9 milhões de toneladas, alta em relação a uma estimativa anterior de 50,4 milhões, disse o ministro. O Departamento de Agricultura previu no dia 11 de março que o Brasil iria colher 57 milhões de toneladas de soja e 49,5 milhões de toneladas de milho. Os papéis do cereal com entrega para julho ficaram em US$ 4,0650 o bushel (25,4 quilos), queda de 2,2%. "O aumento nas safras brasileiras foi uma surpresa e vai colocar os mercados na defensiva", disse Hunt. Os contratos da soja para julho caíram 0,5%, para US$ 9,88 o bushel (27,2 quilos).