OESTE A Passarela da Soja 2009 discutiu, no distrito de Roda Velha o combate do mofo branco, doença que ataca plantações de soja, de rápida disseminação | 8 | Passarela da Soja discute combate de doença que ataca plantações de soja, de rápida disseminação A 11ª edição da Passarela da Soja reuniu cerca de mil pessoas entre produtores, especialistas e técnicos na fazenda Maria Gabriela, no distrito de Roda Velha, em São Desidério, no cerrado baiano. A região, que na safra passada cultivou 935 mil hectares, têm plantados hoje 965 mil hectares. No entanto, a expectativa é que a média de produtividade tenha uma redução de 8,2% como consequência, em grande parte, de menor utilização de tecnologia como reflexo da crise econômica. Com isso, a produtividade regional, que foi de 2.838.660 toneladas na safra 2007/2008, não deve passar de 2,7 mil toneladas nesta safra. No evento, além de palestras sobre a sustentabilidade do solo e o conhecimento de novas variedades disponibilizadas pela Fundação de Apoio a Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste Baiano (Fundação Bahia), a discussão girou em torno do combate ao mofo branco, doença que está provocando prejuízos aos sojicultores da região. RESISTENTE - Provocado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, o mofo branco se alastra através do vento e pelas sementes. Suas consequências podem ser ainda mais nefastas do que a ferrugem asiática, porque tem estrutura de resistência, chamada de escleródio, que fica entre oito a 11 anos no solo. Antes de causar prejuízos na soja do cerrado baiano, o fungo já tinha histórico com outras culturas da região, como algodão e feijão. Os primeiros registros do fungo foram detectados no Brasil em 1975 em soja plantada no estado do Paraná. Na Bahia, os primeiros prejuízos foram percebidos na safra passada, mas na atual é que o problema ganhou maior notoriedade. As perdas ainda não foram dimensionadas, mas a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) deverá ter um número oficial até o final do mês de maio. Entretanto, o pesquisador da Embrapa Soja, Maurício Conrado Meyer, afirma que as perdas podem chegar a 40% em áreas de forte infestação. Para ele, um dos maiores problemas em torno da erradicação do fungo está no fato de ele ter um círculo de plantas hospedeiras "que abrange pelo menos 408 espécies, 278 gêneros e 75 famílias de plantas". O fungo "manifesta-se com maior severidade em áreas com clima chuvoso, associado à alta umidade relativa do ar". MEDIDAS - As plantas que têm seu sistema radicular atacado pelo mofo branco apresentam sintomas como necrose na haste e amarelecimento das folhas. Porém, a característica principal "é o crescimento de micélio cotonoso e branco na superfície dos tecidos lesionados (daí o nome da doença: mofo branco) e a presença de inúmeros escleródios pretos e grandes". Como medida preventiva, o produtor deve escolher variedades de sementes certificadas com análise de pureza, enfatiza o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), João Parisi. Ele acrescenta que a Portaria nº 47 do Ministério da Agricultura, de fevereiro deste ano, propõe uma consulta pública para que seja lei o padrão zero para o fungo Sclerotinia sclerotiorum nas sementes de soja. Como outras formas de prevenção, os pesquisadores apontam a escolha de cultivares de porte ereto, com pouco engalhamento e folhas pequenas, o que melhora a aeração entre as plantas, dificultando o desenvolvimento de doenças e facilitando a absorção de fungicidas. Sem cultivares resistentes ao mofo branco no mercado, outra prática recomendada é a rotação de culturas com a utilização de plantas gramíneas (únicas que não são suscetíveis ao fungo) como o milho e a Brachiaria ruziziensis, indicados também para a formação de palhada sobre o solo, minimizando a germinação de escleródios, que são a maior fonte de disseminação do fungo porque produzem grande quantidade de ascósporos, facilmente transportados pelo vento, em um raio entre 50 e 100 metros. NOVIDADES - Na Passarela da Soja 2009, três novas cultivares foram lançadas pela Fundação Bahia: duas convencionais de ciclos precoce (até 120 dias) e tardio (acima de 130 dias), e a primeira variedade transgênica genuinamente baiana, com ciclo médio (entre 121 e 130 dias). Ainda sem nomes, devem estar disponíveis na safra 2010/2011. Segundo o pesquisador Pedro Venício Lopes, as três linhagens foram testadas em diversas microrregiões produtoras de soja no cerrado baiano. Em três locais diferentes, a média de produtividade na safra 2007/2008 ficou em 57 sacas por hectare para as convencionais e 58 sacas/ha para a geneticamente modificada.