O temor provocado pelo aumento nos casos de gripe suína no mundo derrubou as cotações dos principais grãos no pregão de ontem. A leitura dos investidores é que os embargos levantados por países compradores de carne bovina e suína podem afetar a demanda por soja, milho e trigo, principais ingredientes na ração para os animais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) subiu ontem o seu alerta de pandemia para níveis sem precedentes, advertindo que a gripe suína está espalhando-se pela América do Norte. Mais de 100 mortes associadas à gripe foram registradas no México e outros casos foram relatados nos Estados Unidos e em três outros países. Diversos países baniram a carne suína do México e EUA. "Uma pandemia poderia afetar a atividade econômica, reduzindo a demanda por todas as commodities, incluindo grãos", afirmou Dale Durchholz, analista de mercado na AgriVisor em Illinois. "Algumas pessoas do setor temem que isto prejudique o comércio mundial de carne suína, deteriorando a demanda por ração animal." Com isso, os papéis da soja com entrega para julho recuaram 3,5%, atingindo US$ 9,97 o bushel. A propagação do vírus, normalmente contagioso apenas entre porcos, levantou preocupações de que esta epidemia poderá ter efeitos semelhantes aos que teve a gripe aviária nos últimos anos. Aquela enfermidade matou centenas de pessoas e fez com que milhões de frangos e outras aves fossem sacrificadas. O trigo para julho fechou cotado em US$ 5,195 o bushel, queda de 4,3%. "Ninguém quer ficar comprado no mercado até avaliar qual impacto essa epidemia terá no mercado mundial", explicou Gonçalo Terracini, analista da FCStone. No entanto, afirmou que o momento ainda é de cautela. "Precisamos esperar o resultado dos estudos sobre esse tipo de vírus e ver se ele realmente vai prejudicar o mercado. Como hoje foi o primeiro dia com as notícias negativas, é necessário esperar um pouco mais para ver onde o mercado vai ficar". Os contratos do milho para julho ficaram em US$ 3,8075 o bushel, queda de 1,2%.