O crescimento da demanda no mercado interno pode fazer da cevada uma boa opção para rotação de culturas neste ano. De olho no consumo em alta, algumas indústrias investiram para aumentar em 50% sua capacidade. A expectativa é que os preços pagos na tonelada subam cerca de 10% em 2009 por causa da queda na oferta durante a última safra. Conforme dados da CONAB, a área cultivada foi de 74 mil hectares no ano passado, queda de 24% em relação ao ano anterior. A safra foi de 234 mil toneladas. Atualmente, a produção no Brasil atende a 30% da demanda interna. O restante vem de países do Mercosul, como Uruguai e Paraguai. O trigo, que compete diretamente com a cevada, teve aumento de 30% na área no mesmo período. Especialistas explicam que as perdas provocadas pelo clima em 2007 desmotivaram os produtores de cevada, que migraram para o trigo no ano seguinte. Cássio Ciulla, gerente da Malteria do Vale, explica que é normal essa variação da área plantada. "Os produtores ficam frustrados após uma safra perdida. Mas aos poucos eles acabam voltando". Para 2009, ele acredita que os preços cheguem em R$ 550,00 a tonelada. "No ano passado pagávamos R$ 500,00 na tonelada". Em São Paulo, a empresa oferece incentivos aos produtores, como sementes e capacitação técnica. "Queremos ampliar de 15 mil toneladas para 40 mil toneladas a produção no Estado nos próximos três anos", observa. Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, acredita que a disputa deve continuar favorável para o trigo. "Com o aumento nos preços mínimos e a queda no custo de produção, muitos devem apostar no trigo neste ano". Em abril, o governo federal aumentou em 20% o preço mínimo, para R$ 530 a tonelada do tipo 1 (panificação). Ciulla, da Malteria do Vale, observa ainda que a empresa vai ampliar em 50% a produção, para 130 mil toneladas. "É um número superior à média de produção do Brasil, que chega a 100 mil toneladas. Se o produtor quiser, tem mercado garantido". Euclydes Minella, pesquisador da Embrapa Trigo, revela que a vantagem da cevada é o contrato antecipado. "Assim o produtor se protege de oscilações". A instituição está desenvolvendo sementes com produtividade 10% superior às atuais. "Isso faz diferença para a renda do produtor".