Produtores de trigo do Rio Grande do Sul estão preocupados com a estiagem. Eles já deveriam começar a semear as lavouras, mas a falta de umidade está atrasando o trabalho. Parece o sertão. Os peixes não resistiram aos quase 40 dias sem chuva e até o símbolo do município de Almirante Tamandaré do Sul, o barco que trouxe os colonizadores europeus, está coberto de poeira. Com os açudes vazios, o gado tenta matar a sede no leito dos rios, também quase secos. A pastagem está escassa e a produção de leite despencou, com queda de 70%, segundo a Emater. Com a chegada do mês de maio, os agricultores gaúchos têm ainda mais motivo para preocupação. É época do início do plantio da safra de inverno e o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de trigo do país. Os pulverizadores já deveriam estar na lavoura, mas a seca começa a atrasar todo o processo. “Há a necessidade que venha uma chuva com urgência porque senão pode atrasar o plantio, atrasando o plantio nós poderemos ter problemas de quebra na produtividade e na qualidade do trigo ou de outra cultura de inverno que vai ser implantada. O solo seco demais os herbicidas não funcionam. Tem que ter umidade no ar de no mínimo de 60% para que seque toda a massa verde e que nós tenhamos uma perfeita germinação da semente lançada ao solo”, explicou Cláudio Doro, agrônomo da Emater. O seu Idalino Dal Bello quer repetir a área plantada no ano passado, de 40 hectares. Ele produz a semente na propriedade, mas o fertilizante ainda não foi comprado. “Essa indecisão que a gente tem vai refletir no comércio. A gente não compra porque tem que esperar para ver o que acontecerá e se vai ou não chover. Então, é ruim para gente. A gente não consegue planejar”, justificou. O Estado maior produtor de trigo, à frente do Rio Grande do Sul, é o Paraná.