Trigo - Governo deve vender 400 mil t de trigo da safra 2008
Data:
04/05/2009
O governo espera realizar vendas de aproximadamente 400 mil t de trigo dos estoques públicos ao mercado, quando se acentuar o aperto da oferta nesta entressafra do Brasil, afirmou um especialista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O cereal dos estoques governamentais produzido em 2008 deve voltar ao mercado até agosto, quando a nova safra começa a ser colhida nos principais Estados produtores. O volume é relativamente pequeno comparado ao consumo mensal brasileiro, de aproximadamente 800 mil t. Mas, na opinião do analista da Conab especialista em trigo, Paulo Magno Rabelo, reforça o abastecimento. "No dia 15 (de maio), vamos fazer uma reunião (em São Paulo) para decidir como será o retorno do trigo dos estoques públicos ao mercado", disse o analista. As vendas de trigo ao mercado também são, na opinião do analista, um indicativo de que o governo não mexerá neste ano na Tarifa Externa Comum (TEC), válida para importações de trigo fora do Mercosul. Em reunião na terça-feira, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) não mexeu na tarifa de 10%, contrariando a expectativa da indústria, que contava com uma redução da TEC para importar com custos mais baixos o produto do hemisfério norte, como ocorreu o ano passado, em meio a problemas de oferta da Argentina, principal fornecedor do Brasil. Questionado sobre a TEC, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, informou por meio da assessoria de imprensa que a decisão visa evitar depreciação de preços internos, ao mesmo tempo em que estimula o plantio, que está em desenvolvimento. O volume estimado para o estoque público, de 400 mil t, leva em consideração o exercício das últimas opções, que vencem na quinta-feira (30-04), segundo Rabelo. O estoque público se junta ao trigo ainda não comercializado que está nos armazéns dos produtores do Rio Grande do Sul, cujo volume estimado é de 800 mil t, e no Paraná, que contaria com 450 mil t ainda não vendidas. Com a manutenção da TEC, o governo espera que a comercialização também flua com mais facilidade. Além do trigo doméstico, a indústria, embora as importações da Argentina estejam bem abaixo da média, contam com importações do Paraguai e do Uruguai. No primeiro trimestre, segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil importou 1,6 milhão de t de trigo, ante 2,5 milhões de t no mesmo período do ano passado. No período, o Brasil obteve 1 milhão de t a menos na Argentina, ante 2008, e tem comprado um pouco mais de trigo do Paraguai e do Uruguai. "Isso arrefece bastante a necessidade de importação (de fora do Mercosul)", afirmou Rabelo, observando que o Brasil continua importando bons volumes de farinha de trigo da Argentina, o que também reforça o abastecimento. Segundo o analista, o Brasil teria de buscar nos Estados Unidos ou Canadá este ano, para completar suas necessidades, um volume entre 400 mil e 500 mil t. Ele avaliou também que os moinhos brasileiros apenas comprariam trigo da Rússia se conseguirem obter um cereal do tipo duro, com características mais semelhantes ao produto americano. O Brasil tem realizado missões à Rússia, após ter liberado compras de trigo daquele país, com o objetivo de negociar eventualmente uma alternativa ao cereal norte-americano ou canadense.