Soja - País tem venda recorde de soja e faz trading retomar mercado
Data:
05/05/2009
A venda de soja se acelerou no País a partir do mês de abril, especialmente no Mato Grosso, obrigando as tradings a entrarem com apetite no mercado para honrar seus contratos com os importadores. Até então, as oscilações nos preços e a escassez de crédito falavam mais alto e essas companhias realizavam compras apenas da "mão para boca". O resultado dessa corrida pela oleaginosa no último mês foi uma exportação recorde pelo Brasil de 4,49 milhões de toneladas de soja e um salto de 21,9% nas vendas no Mato Grosso, principal produtor brasileiro do grão - o maior salto mensal desde o início da safra. "Com esse desempenho cerca de 75% da safra já está negociada e agora as tradings, entram de forma agressiva no mercado, garantindo prêmios de exportação aos produtores e puxando a alta dos preços", afirma Fernando Muraro, analista de mercado da Agência Rural.
A ponta vendedora também se mostra mais aberta às negociações para aproveitar os preços internacionais e o câmbio favorável. Nesta segunda-feira (04-05), as cotações futuras de soja fecharam mais uma vez com ganhos expressivos na Bolsa de Chicago. Os contratos com vencimento em julho encerraram em alta de 1,15%, cotados a 1103,5 centavos de dólar por bushel.
Segundo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os acordos envolvendo os insumos para a próxima safra também começaram a aumentar o ritmo. No Município de Sorriso, no Mato Grosso, já há indicações de pacotes completos de insumos com a relação de troca entre 28 e 30 sacas para entrega futura. O pacote é composto por semente, duas aplicações de fungicidas, cinco de inseticidas, três de herbicidas e apenas a formulação do adubo que varia de acordo com o preço.
O ajuste no caixa dos sojicultores do Mato Grosso deverá ser influenciado positivamente pela redução nos custos da lavoura. A primeira estimativa para o custo de produção da soja no estado, para o ciclo 2009/2010, indica valor entre R$ 1,2 mil e R$ 1,5 mil por hectare - número similar ao da temporada 2008/2009, mas cujos valores em dólares, recuaram da faixa de US$ 800 a US$ 900 para US$ 530 a US$ 650.
Oferta e demanda
A seca na Argentina e as compras da China continuam tendo efeito positivo sobre o mercado. Na última semana, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu mais uma vez a estimativa da safra 2008/2009 de soja no país. São esperadas agora 34 milhões de toneladas do grão, ante um volume de 36,2 milhões projetados na semana anterior.
A China, por sua vez, desafia os analistas a preverem até quando irá sua forte demanda pela soja. Os números de exportação do Mato Grosso para o país asiático ilustram a velocidade e o apetite das compras chinesas. No último mês de janeiro, as vendas de soja do estado para a China foram da ordem de 5,9 mil toneladas. No mês, seguinte esse número avançou para 125 mil toneladas e em março totalizou 687,7 mil. Números divulgados nesta segunda-feira (04-05) pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic) mostram que as vendas da soja foram uma das principais razões da alta de 76,4% das exportações do País para a China.
O avanço das compras chinesas também contribuiu para o aumento da receita das exportações brasileiras de soja para US$ 104,3 milhões em abril. A receita média diária no último mês foi de US$ 88,5 mil, contra US$ 62,2 mil do mês de março.
Um plantio atrasado em uma das principais regiões produtoras nos Estados Unidos pode sustentar a alta da soja por um período ainda maior. Segundo Anamaria Gaudencio Martins, Analista Internacional do Imea, apesar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) indicar que a largada para o plantio de soja em sete estados americanos, atingiu 3% da área -1% acima do que foi no mesmo período do ano passado - a realidade para os produtores americanos é muito diferente. "Em Illinois, uma espécie de Mato Grosso para os Estados Unidos, o atraso é enorme. No início da semana passada eu andei por uma extensão em torno de 320 quilômetros em uma região de área agricultável e não avistei nenhuma máquina trabalhando por toda a área percorrida. O atraso neste estado chega a 39% com relação à média dos últimos cinco anos", afirmou Martins.