A quantidade (tolerada) de cereal quebrado em um pacote de arroz tipo 1 era de 10%, agora será 7,5% Depois de 21 anos sem alteração, a padronização do arroz produzido no Brasil sofrerá alteração. Entra em vigor no dia 16 de junho, a nova classificação do cereal, que depois de dois anos de discussão entre técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), produtores, indústrias, consumidores e outros elos da cadeia produtiva, será colocada em prática. A medida vai beneficiar principalmente os consumidores, que terão nas prateleiras dos supermercados arroz de melhor qualidade, aumentando a competitividade entre os Estados produtores. O novo padrão foi definido pela Instrução Normativa (IN) número 6, de 16 de fevereiro deste ano, que traz o padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade, a amostragem, o modo de apresentação e a marcação ou rotulagem do produto. De acordo com o fiscal federal agropecuário da Superintendência do Mapa em Mato Grosso, Clovis Knabben, trata-se de um aperfeiçoamento da qualidade do produto em todas as categorias (tipos e classificações do arroz). "Já existe um padrão que foi aperfeiçoado. A revisão foi feita levando em consideração a opinião de produtores, pesquisadores, embaladores, industriais e consumidores". Para se ter uma noção das mudanças estabelecidas pela Instrução Normativa, Knabben exemplifica dizendo que na antiga classificação, a quantidade (tolerada) de cereal quebrado em um pacote de arroz tipo 1 era de 10% e com a nova normativa baixará para 7,5%. Para o arroz tipo 2, a tolerância caiu de 20% para 15% "Outras características do arroz como os defeitos, que incluem manchas, picada de insetos, gessado, grãos amarelados entre outras terão as tolerâncias mais rigorosas", diz o fiscal ao acrescentar que o objetivo de toda modificação, depois de duas décadas de vigência da antiga norma, é melhorar a qualidade para o consumidor brasileiro (pois vale em território nacional e como base para a importação). A nova classificação do arroz foi apresentada nesta quarta-feira (6) a representantes da classe produtora, indústrias de beneficiamento e embalagem durante seminário realizado na Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt). Conforme o fiscal do Mapa, as plantações, indústrias de beneficiamento e embalagem serão fiscalizadas, bem como os produtos expostos nas prateleiras dos estabelecimentos comercias. Ele afirma que se for encontrada alguma irregularidade, a mercadoria poderá ser apreendida e o responsável pela inconformidade será multado, cujo valor varia entre R$ 5 mil e R$ 500 mil. Mercado - Além da classificação do arroz, o seminário realizado na Fiemt mostrou também as perspectivas de mercado para o grão este ano. De acordo com o técnico de Planejamento da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB), Paulo Morceli, este ano a safra será tranquila, com um consumo estimado em 13 milhões de toneladas (Brasil) para uma produção de 12,7 milhões (t). Ele diz que a diferença não chega a gerar preocupação. "Ainda prevemos a exportação de 500 mil (t) e a importação de 950 mil (t) que devem equilibrar os números", diz ao completar que o estoque de passagem de uma safra para outra será de 1,3 milhão (t). Para Mato Grosso, o técnico adianta que, na safra 2009/2010, que começa em outubro, o Estado será beneficiado com a paralisação da produção em Roraima que produz cerca de 70 mil (t), cuja demanda será atendida pelo arroz mato-grossense. "É a oportunidade de abertura de um novo mercado para o Estado, que possui excelentes indústrias e produto de qualidade", diz ao comparar com o grão produzido no Rio Grande do Sul, unidade da federação onde se concentra a maior produção nacional de arroz.