Os contratos de trigo para julho encerraram o pregão de sexta-feira em alta de 3,64%, cotados a 591,0 centavos de dólar o bushel, na Bolsa de Chicago, valor mais alto alcançado pelo cereal em três meses. A contar do início de abril, a valorização do grão já chegou a 10%. O clima úmido e os alagamentos no norte do Great Plains dos Estados Unidos (região central) atrasou a plantação da safra de inverno do cereal. Apenas 23% da área havia sido plantada até o dia três. No mesmo período do ano passado, 55% da plantação estava completa, segundo relatório do Departamento de Agricultura do país (Usda). De acordo com o analista da Safras&Mercado, Élcio Bento, o mercado "foi mais comprador" em função das expectativas dos investidores de que o próximo relatório do Usda, com os primeiros números de produção da nova safra, indicará uma produção menor do cereal nos EUA. Os contratos de milho para julho também encerraram a semana em alta de 2,18%, cotados a 421,0 centavos de dólar o bushel. Os contratos de soja ficaram 0,86% mais valorizados, 1111,5 centavos de dólar o bushel. Os preços reagiram à expectativa de crescimento da demanda. Os exportadores americanos registraram vendas de 296 mil toneladas métricas de milho, segundo o Usda. As vendas de soja desde setembro cresceram 12% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa reação dos preços das commodities estaria relacionada ao "potencial risco inflacionário que se desenha para o futuro e com a desvalorização acentuada do dólar", avalia analisa Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting. Para ele, dólar fraco, petróleo e ações em alta empurraram as cotações para cima "e com elas o açúcar: variação US$ 33 por tonelada e o café, que também aproveitou a maré alta e valorizou 5.49% em NY e 4.96% em São Paulo", calcula Corrêa. "Em açúcar, o volume de negócios em NY cresceu extraordinariamente. Estima-se que a posição em aberto tenha crescido 40.000 contratos, dois milhões de toneladas só na semana passada", conjectura o analista. Segundo ele, os principais compradores foram os fundos, que já injetaram novos US$ 12,1 bilhões de dólares nas commodities só este ano, "muito embora apenas US$ 461 milhões foram para os mercados agrícolas", pondera.