Arroz - Perspectivas de novas quedas nos preços mundiais
Data:
11/05/2009
Em abril, os preços mundiais tiveram evoluções mistas segundo as origens. Na Tailândia, os preços cederam devido a grandes disponibilidades exportáveis, ainda queno Vietnã e nos Estados Unidos os preços de exportação tenham aumentado graças à forte demanda. A volta anunciada da Índia ao mercado de exportação e os seus estoques excedentes podem provocar novas quedas nos preços mundiais.
Em abril, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) se manteve relativamente estável a 230,9 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 232,0 pontos em fevereiro. No início de maio, o índice marcava 230,6 pontos.
Mercado de exportação
Na Tailândia, os preços baixaram em média 5%. O anúncio de vendas de parte dos estoques públicos tailandeses e as grandes disponibilidades vietnamitas pesam sobre os preços tailandeses. As exportações tailandesas caíram 36% durante o primeiro trimestre de 2009 em relação a 2008. As autoridades esperam reativar as vendas na África Ocidental, sobretudo na Nigéria, principal importador africano. Em abril, o Tai 100%B marcou US$ 548/t Fob contra US$ 571 em março. No início de maio, marcava US$ 540. O quebrado A1 Super se manteve estável a US$ 323/t contra US$ 321/t em março.
No Vietnã, os preços de exportação aumentaram novamente. A demanda externa continua forte graças aos preços competitivos em relação aos competidores asiáticos. As exportações vietnamitas deram um salto de 70% para 2,3 Mt durante os quatro primeiros meses do ano e as perspectivas para os próximos meses são promissoras. Em abril, o Viet 5% marcou US$ 459/t contra US$ 452/t em março. O Viet 25% subiu US$ 12 para US$ 356/t contra US$ 344 em março.
No Paquistão, os preços subiram 3% em um mês. Apesar das disponibilidades abundantes, as exportações têm caído devido aos altos preços internos. Em abril, o Pak25% marcou US$ 361/t contra US$ 350/t em março.
Na Índia, as exportações finalmente devem se reativar depois da instalação do novo governo federal em junho próximo. As medidas de limitação das exportações de arroz não Basmati, impostas desde o final de 2007, teriam como objetivo controlar as altas dos preços internos e recompor as reservas de segurança. Hoje, com a inflação controlada e os estoques quase duas vezes superiores às necessidades, a Índia pode voltar com força ao mercado de exportação provocando assim novas quedas nos preços mundiais.
Nos Estados Unidos, os preços de exportação se mantiveram firmes graças a um mercado mais ativo. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros para julho se encontram globalmente orientados a baixa devido a uma oferta mundial excedente. Em abril, o arroz Long Grain 2/4 subiu US$ 21 para US$ 554/t contra US$ 533 em março.
No Mercosul, os preços de exportação continuaram estáveis em relação a março. Nos mercados internos, os preços para o consumo marcaram uma queda moderada devido à oferta limitada dos produtores e às previsões de uma colheita menor em 2009.
Na África, as importações devem cair 3% para 9,3Mt em 2009, graças ao incremento da produção em 2008. O salto dos preços mundiais em 2008 e a revalorização dos preços ao produtor contribuem para o crescimento das áreas arrozeiras. Não obstante, o balanço arrozeiro continua sendo altamente deficitário com importações que representam mais de 40% do consumo africano de arroz.
Produção e comércio mundiais
Em 2009, segundo estimativas da FAO, a produção mundial alcançaria um nível histórico de 683 milhões de toneladas de arroz em casca (ou 456 Mt de arroz branco), aumento de 3,5% decorrente, sobretudo, do aumento da produção indiana. O salto dos preços mundiais em 2008 e as medidas de incentivo públicas tiveram um impacto positivo no crescimento das áreas arrozeiras, de +2,2% para 159 milhões de hectares. Os rendimentos médios, por sua vez, aumentaram1,3% para 4,3 t/ha.e isto apesar do elevado custo da energia e dos insumos.
O comércio mundial deve aumentar para 31 Mt depois da queda de 5% em 2008. As incertezas que pesam sobre a economia mundial e a falta de confiança na situação financeira dos potenciais compradores tendem a reativar os contratos públicos de governo a governo.
Os estoques mundiais ao final de 2009 foram revisados para 118 Mt contra 109 Mt em 2008, um aumento de 6%. Essas reservas representam 25,8% das necessidades mundiais, contra 24,4% em 2008.
Fonte: Patrício Méndez del Villar/Natural Soluções