Safra - Crise leva governo a intervir para garantir preço mínimo
Data:
12/05/2009
A intervenção do governo federal para manutenção dos preços mínimos de alguns produtos agrícolas pode se concretizar como a maior da história até o final deste ano. Com as ferramentas utilizadas atualmente, cuja abrangência é potencializada, especialistas dizem que o volume dos produtos contemplados será o maior da história. As garantias federais são exercidas basicamente por meio dos Contratos de Opções, Prêmio para Escoamento do Produto (PEP) e Aquisição do Governo Federal (AGF). Com a queda generalizada das commodities no final de 2008, a procura por esses instrumentos cresceu.
No caso das opções, a despesa com os contratos já exercidos em 2009 atingiu o maior patamar dos últimos três anos, com R$ 338 milhões, um salto de 58%. O volume dos grãos contemplados subiu 16% e atingiu 956,1 mil toneladas. Os beneficiados, por enquanto, foram o trigo e o milho, com R$ 199,4 milhões e R$ 138,6 milhões respectivamente.
"Tudo indica que o suporte de volume contemplado é o maior da história. Isso ocorreu por causa da crise, que derrubou os preços e exigiu aumento na atuação do governo", explica João Paulo de Moraes Filho, superintendente de operações comerciais da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Flávio França Júnior, analista da Safras & Mercado, revela que, ao contrário dos outros grãos, o mercado está positivo para a soja. "A situação é melhor para a soja que para outras culturas. Os preços atuais são iguais ou melhores que no mesmo período do ano passado, porém os custos elevados devem diminuir a rentabilidade". Por esse motivo, para 2009, ele avalia lucratividade bruta de até 15% no Paraná e Rio Grande do Sul, e 10% no Mato Grosso. Esse índice ficou acima de 35% nessas regiões em 2008.
Moraes Filho acrescenta que quase 4 milhões de toneladas em opções para o trigo e o milho já foram negociadas neste ano. Caso sejam exercidas, o valor gasto será superior a R$ 1 bilhão. Lembra ainda que também há o PEP para as duas culturas, que cobrirá mais de 1 milhão de toneladas e consumirá mais de R$ 140 milhões.