Soja - Ministério do Desenvolvimento Agrário detalha medidas para minimizar efeitos da chuva
Data:
15/05/2009
A colheita da soja no Maranhão está praticamente parada. O grão está pronto no campo, mas a chuva impede o trabalho das máquinas.
Uma camada de nuvens escuras cobre as chapadas no sul do Maranhão. A chuva arrasa as lavouras de soja na região.
Os temporais começaram há um mês, exatamente na época da colheita dos grãos. Com a lavoura encharcada, milhares de hectares de soja estão apodrecendo no campo.
O agricultor elinton toniazzo já planta soja há dez anos no sul do maranhão. Foi supreendido pelo clima.
“A chuva se prolongou e a intensidade também. Nós esperávamos cem milímetros e chove mais de 400 milímetros. Com esta chuva podia ter colheitadeira ou o que quisesse que não tinha condições de colher”, disse o agricultor Elinton Toniazzo.
Por causa do excesso de chuvas muitos agricultores foram obrigados a interromper a colheita. Em uma das propriedades da região, quinhentos hectares de soja estão perdidos.
O agricultor Dorival Anziliero plantou mil hectares no município de São Domingos do Azeitão. Ele esperava colher acima de 50 mil sacas de soja, mas só conseguiu colher metade da lavoura.
Oitenta por cento da soja produzida no sul do Maranhão é destinada à exportação. O excesso de umidade prejudicou a qualidade da safra e grande parte da produção está sendo rejeitada pelo mercado externo.
Na fazenda do agricultor Luciano Colpani a soja está se perdendo no campo e nos silos. “É um prejuízo grande”, disse.
No norte do Piauí, o excesso de chuva fez a barragem Algodões sangrar. Como há risco de rompimento, centenas de famílias estão sendo retiradas do local.
A represa Algodões fica no município de Cocal da Estação, na divisa do Piauí com o Ceará. Este ano, o volume de chuva no Rio Pirangi foi o maior dos últimos 40 anos, segundo especialistas.
Algodões atingiu a capacidade máxima de armazenamento e transbordou. A força da água abriu uma cratera entre o sangradouro e a parede. Por causa do risco de rompimento da represa, o que inundaria uma faixa de cem quilômetros de extensão às margens do Rio Pirangi, a Defesa Civil isolou a área.
Os agricultores precisaram abandonar suas casas às pressas, deixando para trás as plantações e os animais. Eles querem que pare de chover para que as águas não inundem tudo pelo lugar. Os agricultores foram levados para abrigos na cidade.
“Quando a gente voltar para casa, a gente vai ter que recomeçar tudo do zero”, disse o agricultor.
“Deixamos tudo, nossas galinhas, nossas casas, para trás”, lamentou a agricultora Maria de Lurdes.
Em Brasília, o Ministério do Desenvolvimento Agrário detalhou as medidas que serão tomadas para auxiliar os agricultores familiares que estão enfrentando problemas com a chuva no Norte e no Nordeste e com a seca no Sul.
A ajuda soma R$ 950 milhões e deve atender 267 mil agricultores. A dívida de custeio de agricultores com seguro Proagro será quitada.
Os não segurados poderão renegociar dívidas em até três anos, com o pagamento a partir de 2010. Já as dívidas de investimento serão prorrogadas, com previsão de pagamento também a partir de 2010.
Os agricultores que estão tendo perdas nesta colheita poderão receber adiantado o pagamento do Garantia Safra, de R$ 550. Eles poderão ainda pegar empréstimo da linha de microcrédito do Pronaf no valor de R$ 1,5 mil, com juros de 0,5% ao ano.
Para criadores da região Sul, que perderam o pasto, a Conab vai vender milho ao preço mínimo de R$ 16,50 a saca. Cada agricultor poderá comprar até 50 sacas.
O ministro Guilherme Cassel garante que os recursos para os agricultores devem ser liberados no máximo dentro de dez dias. “Não há desculpa para o dinheiro não estar liberado em dez dias porque essa é uma linha de crédito do Pronaf que já existe e porque o recurso é do tesouro. O risco é do tesouro, ou seja, o dinheiro está disponível, está no banco. É só o agricultor familiar que tem o documento de aptidão do produtor, que todo agricultor pronafiano tem, ir ao banco e acessar o crédito”, disse.
As medidas ainda precisam ser aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional.