O governo aumentou o preço mínimo do trigo. Mas que a mudança não animou muito os agricultores do Paraná, maior estado produtor. A reação foi de cautela.
Nessa semana o governo anunciou um reajuste no preço mínimo do trigo, elevando a saca do produto de melhor qualidade a R$ 33,30.
“Se a gente mantiver uma média boa, a gente consegue cobrir os custos. Eu estimo em quase dois mil quilos de trigo o meu custo com sementes, defensivos e adubação. E mais em cerca de 800 quilos com a mecanização em geral. Então, eu vou ter quase três mil quilos de trigo de custo nesse preço. As condições climáticas serão muito boas para a gente conseguir empatar”, disse o agricultor Ricardo Volter.
O agricultor está preocupado porque não será tão fácil repetir a boa produtividade que o Paraná teve em 2008. Na colheita passada, o rendimento médio das lavouras de trigo no Estado foi de 2,7 mil quilos por hectare.
O produtor Ricardo vai plantar este ano 294 hectares. Serão 10% a mais em relação à última safra. Mas ele gostaria de ter arriscado mais. “Eu preferi ser cauteloso. Se o governo tivesse uma política mais séria em relação a preço mínimo e de seguro mais eficaz, com certeza, a área de trigo no Brasil seria maior”, completou.
O reajuste no preço mínimo não trouxe tranqüilidade aos produtores. O agricultor Alcino Favaro, de Cambé, no norte do Paraná, está com a lavoura mais adiantada e se preocupa com a venda.
“Eu espero que o preço mínimo que o governo federal fixou tenha condições de receber o preço mínimo, pelo menos. Às vezes, não tem para todo mundo. E o cara, que precisa de dinheiro, acaba vendendo abaixo do preço mínimo. Foi o que aconteceu no ano passado”, contou.
De acordo com o último levantamento da Conab, a safra de trigo brasileira deve ter uma queda de 9% em relação ao ano passado.