Trigo - Safra aumenta em Minas enquanto tem retração no país
Data:
19/05/2009
Produtores plantam mais para compensar menor aplicação de insumos.
A produção mineira de trigo deve crescer 1,8% neste ano e alcançar 97,3 mil toneladas, na comparação com as 95,6 mil toneladas do cereal colhidas no período anterior. Essa estimativa é da Companhia Brasileira de Alimentação (Conab), que prevê também uma retração de 9,2% na safra brasileira do cereal. De acordo com a previsão, o país terá 5,5 milhões de toneladas na comparação com os 6,1 milhões registrados no período anterior.
Para Lindomar Antônio Lopes, coordenador do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Trigo no Estado (Comtrigo), criado pela Secretaria da Agricultura , esses dados confirmam o potencial da triticultura de Minas. “Nossa produção de trigo tem mostrado crescimento nos últimos anos e agora aponta novamente para aumento”, enfatiza. O grande salto foi registrado na safra passada, com aumento de 92%.
O coordenador diz que o sucessivo aumento de produção é resultado do interesse dos agricultores em produzir mais. Segundo Lindomar Lopes, o cereal cultivado nas lavouras de Minas tem excelente qualidade e os negócios possibilitam receita crescente. “Atualmente, o produto é vendido por R$ 600 a tonelada, enquanto a produção tem o custo de aproximadamente R$ 400 por tonelada, o que equivale a uma rentabilidade próxima dos 50%”, acrescenta.
O agricultores têm reduzido a utilização dos insumos que mais pesam no orçamento das propriedades e assim produzem com menor custo, ele diz ainda. “Existe uma tendência para a redução de até 30% nos gastos principalmente com adubos químicos”, explica.
Para compensar a retração na produtividade, causada pela menor aplicação de adubos, os produtores mineiros vão aumentar a área plantada em quase 7%. Essa projeção também faz parte das estimativas da Conab. A previsão é de um plantio de 21,7 mil hectares de trigo no Estado para a safra 209/2010, na comparação com os 20,3 mil hectares do período anterior. O coordenador do Comtrigo acredita que o crescimento da área plantada poderá até superar a previsão da Conab. Ele alega que um grande número de novos produtores está aderindo à cultura do trigo no Estado.
“Além do esforço dos agricultores para a melhor gestão de suas atividades, as excepcionais condições climáticas e de solo em Minas favorecem o cultivo do cereal, com excelente rentabilidade, conforme atestam os resultados dos últimos anos”, enfatiza.
Polo de produção
Lindomar Lopes considera que esses dados reforçam a proposta de criação do Polo de Produção de Trigo no Brasil Central. Idealizada pelo Comtrigo, essa proposta conta com o apoio das entidades dos segmentos da produção e da indústria no Estado. A idéia é buscar a união de Minas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para incrementar a produção de trigo no Brasil Central. O coordenador diz que “o objetivo do polo é incluir, em médio prazo, cerca de 2 milhões de hectares do cerrado brasileiro no cultivo do cereal e assim garantir a oferta do produto inclusive no período da entressafra nos estados do Sul e da própria Argentina.
O polo de trigo está sendo proposto para reduzir a dependência do cereal produzido no Sul do país e terá o objetivo também de contribuir para a redução das importações brasileiras. O projeto já foi apresentado à Câmara Setorial de Culturas de Inverno do Ministério da Agricultura e voltará à discussão naquele fórum em reunião programada para esta quarta-feira, dia 20”, finaliza o coordenador do Comtrigo.
Minas é o quinto produtor nacional de trigo, sendo o Paraná o primeiro, com 53,23%. A região mineira que mais produz é o Alto Paranaíba, que registrou em 2008 uma safra de 60,810 mil toneladas, ou 64% do total de Minas. O segundo maior produtor é a região Noroeste, com cerca de 26,4 mil toneladas. E o terceiro é o Triângulo Mineiro, que registrou produção de aproximadamente 7,1 mil toneladas. Esses dados fazem parte de um levantamento da Superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura.
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Produtores plantam mais para compensar menor aplicação de insumos. 