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Soja - Cotação abaixo de R$ 2,10 deixa produtores em pânico
Data: 19/05/2009
 
Na semana passada a moeda norte-americana chegou a R$ 2,05. Poder de troca fica menor.

Baixa do dólar durante planejamento de safra aumenta as incertezas

Em pleno momento de planejamento de safra, a cotação do dólar manteve sua trajetória de queda ao abrir ontem com recuo de 0,94% - R$ 2,088 (compra) e R$ 2,090 (venda) -, deixando os produtores mato-grossenses em pânico. O dólar registra queda de 5,90% no mês, acumulando baixa de 11,82% no ano. No mercado internacional, as cotações têm fechado em alta em função da existência de estoques baixos, queda na produção argentina, demanda chinesa firme mesmo em tempo de crise e problemas climáticos nos Estados Unidos, que dificultam o plantio da safra de verão norte-americana.

De acordo com produtores e analistas de mercado, o principal impacto da volatilidade do câmbio recai sobre a formação dos preços. “Estamos atentos a esta questão, pois toda queda do câmbio tem reflexo negativo para as exportações, uma vez que o produto fica mais caro para os compradores e ficamos menos competitivos. Porém, o peso maior é na formação do preços dos insumos para os produtores, uma vez que somos obrigados a desembolsar mais soja para pagar estes produtos”, diz o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Glauber Silveira.

Para o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato) -, Seneri Paludo, a queda do dólar tem influência direta nos custos dos insumos. “Neste momento de planejamento de safra, o produtor deve ter muito cuidado para não descasar as moedas – real e dólar”.

Segundo a pesquisa Focus, divulgada ontem pelo Banco Central (BC), o mercado financeiro reduziu a previsão para o nível do dólar ante o real no fim deste ano, passando de R$ 2,20 para R$ 2,12 em dezembro de 2009. Para o fim de 2010, porém, a previsão permaneceu em R$ 2,20.

FRETE - A questão afeta também os preços do frete. "O real é a moeda que forma o valor do transporte no Brasil, como custos com diesel, manutenção, etc. Quando este custo é convertido para dólar nas baixas cotações, o valor fica mais alto", explica o analista Marcelo Vital.

Toda formação de preço da soja caminha em dólar até o porto. “Do porto para dentro, o custo é em reais. Quando se transforma o custo da logística para dólar e quanto mais fortalecido é o real, mais o produtor sai perdendo”, diz.

Para o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, o dólar baixo prejudica principalmente aqueles que estão localizados em regiões mais distantes dos portos de escoamento, como os produtores do Centro-Oeste do país.

Segundo ele, o custo do frete por tonelada de grãos produzidos nessa região é mais caro do que os adotados na Argentina - país vizinho ao Brasil e um dos principais concorrentes na produção de soja.

"Enquanto a distância média do frete brasileiro é de mil a 1,1 mil quilômetros, na Argentina a distância percorrida é de 200 a 250 quilômetros. Somando o frete à desvalorização cambial, fica quase impossível produzir e ampliar essa produção", explica Mendes.

A tendência, segundo Mendes é que o produtor se previna com o câmbio. "Isso significa vender rápido a produção, uma vez que a tendência para o dólar continua sendo baixista", afirmou.

RECEITA - Outra perda, na avaliação dos analistas, reside na redução de receita indireta, que vem da formação do preço e leva em conta a cotação de Chicago, prêmios de exportação (que podem ser positivos ou negativos) e os custos logísticos. “Quanto mais fortalecido o real, mais altos serão os custos logísticos em dólar para o produtor”, aponta o analista Marcelo Vital.

O ideal, na avaliação dos especialistas, seria que o produtor brasileiro aproveitasse o melhor momento de comercialização para não acontecer o mesmo do ano passado, quando muitos deixaram de vender nos picos e depois tiveram perdas.

“A orientação é para que vendam suas produções de forma escalonada para aproveitar os picos de preços. Para isso, entretanto, o produtor deve saber qual é o custo de produção para vender sem prejuízos”, afirma Vital.

Fonte: Diário de Cuiabá
 
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