A área plantada com trigo no Rio Grande do Sul deve ser menor este ano. O preço baixo e a dificuldade de comercialização estão desanimando os agricultores.
Em menos de 15 dias começa o plantio do trigo no Rio Grande do Sul. Mas nos armazéns ainda estão estocadas cerca de 800 toneladas da safra passada.
O agricultor Jader Bandeira tem produção guardada. “A grande maioria não está conseguindo comercializar a safra passada. Há uma grande oferta de trigo no mercado e os moinhos estão exigindo qualidade. Como não temos como separar o trigo, então dificulta um pouco”, disse.
Fenômenos climáticos, como seca e geada, frequentes no Rio Grande do Sul, também tem deixado os produtores cautelosos. O resultado pode ser vistos no plantio.
Segundo a Emater, o Rio Grande do Sul deverá semear cerca de 864,5 mil hectares, com queda de quase 11% em relação ao cultivado na safra de inverno 2008.
O preço do trigo foi outro fator que contribuiu para desanimar o produtor gaúcho. O valor mínimo estipulado pelo governo para o produto de melhor qualidade é de R$ 33,30 a saca de 60 quilos. Os produtores acham pouco.
“Mesmo tendo esse reajuste, ainda ficou abaixo do custo de produção. Hoje, para se produzir um saco de trigo gastamos R$ 34,00. E o preço mínimo do trigo está aquém desse valor”, falou Airton Becker, presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta.
Mesmo com os problemas o agricultor Édio Quaini vai investir na cultura. “O trigo faz parte de um sistema de lavoura, de rotação de cultura, de cobertura de solo, adubação do período. Se tirarmos o trigo vamos ter dificuldade para manter o padrão da área, que tem de ser boa e fértil para uma cultura de verão”, explicou.
Pelo último levantamento da Conab, o Brasil deve produzir 5,4 milhões de toneladas de trigo, com queda de 9% em relação ao ano passado.