Boi Gordo - Estiagem reduz oferta de boi gordo no Estado
Data:
22/05/2009
A estiagem não causou somente estragos na produção de grãos. O clima seco também refletiu negativamente na pecuária, provocando a baixa de oferta de boi gordo no mercado. Com o rendimento abaixo do normal, os produtores agora têm optado por reter o gado e aguardar o pasto crescer, iniciativa que colaborou para desabastecer os frigoríficos.
"É um movimento recente, ainda não temos números, mas com certeza houve uma grande diminuição", observou o diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussale. Frente a essa situação, o período de inverno, quando costumeiramente ocorre a baixa de oferta, deve ser ainda mais complicado.
Os pecuaristas não puderam plantar as pastagens de outono e precisaram utilizar as reservas de alimento do inverno, situação que deve piorar ainda mais o cenário de oferta reprimida. O presidente do Sindicato e Associação Rural de Bagé, Eduardo Moglia Suñe, destacou a situação difícil enfrentada pelos produtores, que devem contar com pastagens cultivadas só a partir de julho, o que significa dizer que bons volumes de boi gordo no mercado só a partir de agosto. "Temos que aguardar o peso ideal para voltar a vender", acrescentou.
A saída para os frigoríficos é a importação de carne de outros estados, o que tem garantido o abastecimento e os preços em baixa. Além disso, os preços do produto também se encontram mais atrativos em outras praças, conforme Moussale. O consultor da Safras & Mercado, José Ney Vinhas, disse que essa iniciativa dos frigoríficos é o que tem feito com que os preços do quilo do boi gordo se mantenham estáveis, entre R$ 2,40 e R$ 2,50, valores que não são suficientes para suprir os custos de produção.
O dirigente do Sicadergs acrescentou que além da redução da oferta de gado, os consumidores também estão comprando menos. Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), está ocorrendo uma redução de até 5% do consumo, sem que se verifique a migração para outros tipos de carne. "A crise abalou o poder aquisitivo dos gaúchos, que mesmo com preços baixos da carne está retraído", explicou o presidente da Agas, Antônio Longo.