A desvalorização do dólar frente ao real já provoca efeitos negativos à sojicultura de Mato Grosso. No início da tarde desta segunda-feira (1º) a moeda americana foi cotada a R$ 1,94, retração de 6,7% em relação ao preço praticado no início deste mês, quando estava na casa dos R$ 2,08. Já na comparação com o valor registrado em janeiro, quando um dólar era equivalente a R$ 2,33, a desvalorização chega a 16,7%.
Desde outubro, quando se agravou a crise internacional, o dólar não ficava abaixo dos R$ 2. O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira da Silva, explica que o taxa de câmbio está se tornando a principal preocupação do setor nos últimos dias.
Ele diz que este comportamento da moeda americana, favorecendo a brasileira faz com que a demanda pela soja produzida nos Estados Unidos seja maior, prejudicando a comercialização da safra estadual, que já tem 85% da produção negociada. Os 15% restantes disponíveis à venda poderão ter uma remuneração menor que o previsto.
"Temos custo de produção calculado em dólar e em real. Para se ter uma noção de quanto a moeda americana pesa no bolso do produtor, 40% dos gastos são em dólar e se por um lado temos redução nos custos, de outro temos prejuízo na hora de converter a venda de dólar para real", argumenta o presidente ao salientar que outro reflexo que acaba sendo positivo com a queda do dólar é a importação, já que o produto acaba tendo um custo um pouco menor.
Na opinião do diretor da associação, Ricardo Tomczyk, o impacto mais direto e inevitável para o sojicultor com a valorização do real frente ao dólar está associada à rentabilidade do produtor.
"Na hora da conversão dos ganhos de dólar para o real temos uma perda. Para a agricultura é interessante que o dólar não custe menos que R$ 2, até porque prejudica na formação do preço da soja que vendemos", diz ao acrescentar que a variação negativa do dólar influencia também no preço do frete cobrado para o escoamento do produto até os portos.
Contradição - Enquanto se registra uma retração no dólar na comparação com o real, o mercado futuro da oleaginosa mostra ascensão de preços.
O diretor da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, afirma que na bolsa de Chicago, no início da tarde de ontem, o bushel da soja (o equivalente a 27,215 quilos) já estava sendo cotado a US$ 12,20 - para ser entregue em julho, alta de 3% em relação ao valor do início do dia, que estava em US$ 11,84.
"Mesmo com o mercado deste jeito não temos boas perspectivas, já que no fim das contas o produtor terá uma perda de rentabilidade, em decorrência da variação do dólar". Outro agravante citado pelo sojicultor diz respeito ao planejamento da safra 2009/2010, porque a retração no dólar certamente influenciará nos custos.