Soja - Vazio sanitário da soja, Indea registrou 340 notificações em fazendas
Data:
15/06/2009
O Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea) registrou 340 notificações contra produtores que não fizeram a destruição total das plantas tigüeras nas lavouras de soja durante o último período do vazio sanitário - de 15 de junho de 2008 a 15 de setembro de 2008 – propiciando a ocorrência da ferrugem asiática nas lavouras. Foram lavrados 76 autos de infração seguido de multa contra os produtores que descumpriram a legislação. O levantamento, divulgado pelo Indea, não informa os valores das multas aplicadas.
Durante o período do vazio sanitário deste ano, que começa na próxima segunda-feira, dia 15, todos os produtores estarão proibidos de plantar soja na entressafra para evitar a ocorrência da ferrugem asiática, que nos últimos anos causou grandes perdas aos sojicultores. Pela legislação, o plantio só poderá começar a partir do dia 16 de setembro. Quem plantar antes desta data estará sujeito a multa de até R$ 80 mil ou 3 mil UPFs (Unidades Padrões Fiscais). Somente áreas de pesquisa autorizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) poderão efetuar o plantio durante o período do vazio sanitário.
Como alertam os agrônomos, a manutenção de plantas de soja nas lavouras, mesmo que sejam involuntárias, forma a chamada “ponte verde” para que os fungos que causam a ferrugem se mantenham vivos no ambiente à espera da nova safra. A proibição por 90 dias tem justamente o propósito de reduzir a incidência da doença na próxima safra.
De acordo com o engenheiro agrônomo Antônio Marcos Rodrigues, da Coordenadoria de Defesa Vegetal do Indea, no período do vazio do ano passado foram fiscalizadas 2.791 propriedades. “Encontramos plantas vivas [de soja], com indícios de ferrugem em algumas lavouras”, disse o agrônomo.
De acordo com o coordenador da Comissão de Defesa Vegetal da SFA/Mapa, Wanderlei Dias Guerra, no ano passado foram encontradas plantas isoladas em algumas lavouras, onde os produtores fizeram o plantio de culturas de inverno autorizadas, como milho, feijão guandu e girassol, para adubação verde. “O problema é que no meio deste cultivo ficaram plantas de soja viva”, avalia Guerra.
Na avaliação dele, de uma maneira geral, a maioria dos produtores mato-grossenses cumpriu as exigências do vazio sanitário e fez a destruição das plantas tigüeras. ”O saldo foi positivo, pois o Indea (Instituto de Defesa Agropecuária) atuou junto aos produtores e fez as recomendações necessárias no sentido de tomar os cuidados e evitar o plantio de soja no período do vazio”.
CONTROLE
Segundo a legislação, o controle das plantas voluntárias, conhecidas como tigueras, deve ser feito até 30 dias depois do fim da colheita através de processo químico ou mecânico, pois elas ficam propagando o fungo que provavelmente atingirá a próxima safra.
Outras medidas previstas na lei são o monitoramento da cultura para a detecção da doença e o cadastramento ou registro de áreas com cultivo de soja. A informação do foco da doença, também previsto na legislação, estabelece que o sojicultor e o responsável técnico sejam “solidários” na responsabilidade de informar ao Indea o aparecimento de foco da ferrugem da soja na propriedade rural.
Prática reduziu aplicações de fungicidas nas lavouras O gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas, explica que a prática do Vazio Sanitário nos últimos três anos no Estado, proporcionou a diminuição dos custos nas lavouras, principalmente em relação ao uso de fungicidas. Somente na safra 08/09, estima-se que os sojicultores economizaram cerca de R$ 400 milhões na compra do produto.
“Na safra 08/09 o uso de fungicida caiu em média de uma a duas aplicações, totalizando entre três ou quatro aplicações. Considerando um gasto médio de R$ 70 por aplicação/ha, houve uma economia de cerca de R$ 400 milhões. O resultado positivo é atribuído não apenas ao Vazio, mas ao monitoramento da doença feito ao longo da safra com as análises das amostras de folha de soja nos laboratórios instalados no interior por meio do Projeto Antiferrugem realizado pela Aprosoja/MT e parceiros”.
O número de amostras de folhas de soja analisadas na segunda edição do Projeto Antiferrugem desenvolvido pela Aprosoja/MT foi 69% maior na safra 2008/2009 que as da safra 2007/2008, saindo de 1.881 para 3.183. “O vazio aliado a ações continuadas como o Projeto Antiferrugem e o monitoramento da safra evitam consideravelmente que a ferrugem asiática cause danos às lavouras de soja de Mato Grosso e, consequentemente, prejuízos aos produtores”, justifica o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira.