A contribuição ao mercado de um novo \"player\" estatal russo
Em 2009, a Rússia novamente vai colher grande quantidade de grãos. E vale a pena torcer para que não sejam caros. No sul do país já começou a colheita, e cada hectare produz mais cevada e trigo do que no mesmo período do ano passado.
analista do mercado de grãos Vladimir Pietritchenko diz que pela primeira vez os preços do trigo de quarta classe da nova safra oscilam entre 4,4 mil e 4,9 mil rublos a tonelada (entre US$ 141 e US$ 157). Em sua opinião, "do ponto de vista comercial, comprar esse trigo por 4,9 mil rublos é muito arriscado e até sem sentido".
As previsões para a safra, de diferentes fontes, variam muito. E nem mesmo os pessimistas mais empedernidos preveem menos de 80 milhões de toneladas, o que é superior às necessidades internas da Rússia, especialmente ao se considerar os estoques transitórios. Já os otimistas dizem que a safra será de quase 100 milhões de toneladas de grãos e isso é inferior ao recorde registrado no ano passado.
Entretanto, essa oferta de trigo, cevada e de milho é capaz de criar problemas para os produtores: os preços poderão ser muito mais modestos do que se espera.
Por outro lado, os preços no mercado mundial estão caindo. Por isso, o diretor executivo do centro de análises SovEcon, Andrei Sízov, acha que também no mercado interno não se chegará ao fundo do poço em futuro próximo. Isto é: os preços continuarão a cair. Lembramos que o preço de compra do trigo de quarta classe anunciado pelo Ministério da Agricultura ainda em março, na parte europeia da Rússia, é justamente de 4,9 mil rublos. Em outras palavras, nesse nível o estado pode começar a fazer compras para estoques reguladores, para manter os preços e para não deixar os produtores de grãos sem lucro.
Por outro lado, os níveis das safras ainda são muito pouco signifi cativos, para dar uma ideia real dos preços de mercado e dos verdadeiros volumes de produção. Mas a questão sobre quando começar a fazer as compras reguladoras e se, realmente, vão começar, entre outras coisas, certamente está no campo de visão de Vladimir Putin.
Ele pretende visitar Krasnodar acompanhado do responsável pela área de alimentos, o primeiro vicepremier, Viktor Zubkóv, e pela ministra da Agricultura, Elena Skrynnik.
Evidentemente que as intervenções no mercado, este ano, devem fi car a cargo da estatal Companhia Unida de Grãos (OZK, na sigla em russo), que agora está sendo criada com base na também estatal Agência Reguladora do Mercado de Alimentos, que antes realizava as intervenções de compra.
"A OZK também será agente autorizada do estado", diz Andrei Sízov. Aliás, as funções da Companhia Unida de Grãos são muito mais amplas para a realização das compras reguladoras. A sociedade anônima de capital aberto OZK deverá ser a maior companhia da Rússia na área de desenvolvimento das capacidades de silagem, de infraestrutura de transporte e portuária no mercado interno de grãos, bem como do aumento do potencial de exportação de grãos, dizse no decreto presidencial.
O vice-presidente da União de Grãos da Rússia, Aleksandr Korbut, ressalta que "o imenso potencial da Rússia na produção de grãos não pode ser utilizado sem o avanço no desenvolvimento da infraestrutura". Ainda no ano passado foi revelado o défi cit da capacidade de silagem nas regiões produtoras de grãos. "Neste ano a situação se agravará", afi rma Aleksandr Korbut. Grande quantidade de silos opera no armazenamento de estoques reguladores. Por isso, observa-se uma séria falta de capacidade para a nova safra.
Segundo análises de especialistas do setor, para solucionar este problema será preciso modernizar os silos existentes e construir novos, sobretudo na Sibéria. Neste sentido, terá preferência a OZK, uma vez que ela conta com enorme potencial para captar recursos creditícios.
E com base no seu capital social (ela tem ações de 31 empresas que são de titularidade do estado), a companhia já recebe a lista das empresas para modernização.