O mercado brasileiro de arroz encerrou a terceira semana do mês de julho em alta. A saca de 50 quilos do casca é cotada, em média, a R$ 28,09 no Rio Grande do Sul. No mês, o cereal acumula elevação de 3,9%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o preço atual ainda é 16% inferior.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a tendência é que os preços mantenham a firmeza, devido ao quadro de oferta e demanda apertado e ao bom volume de vendas externas realizadas no primeiro quadrimestre do ano comercial corrente.
- Contribui para o viés de alta a postura retraída do lado da oferta - destaca.
Com expectativa de elevação na entressafra e sem vencimentos imediatos, os produtores estão na defensiva.
- Na outra ponta, para garantir o abastecimento e se defender de uma possível valorização mais consistente do produto na entressafra, as indústrias tiveram que elevar seus preços de compra para realizar negócios - ressalta.
Neste momento, a indústria reclama da dificuldade de repassar a elevação das cotações para o setor atacadista.
- A tendência é que a cadeia toda se ajuste à nova realidade de preços e à perspectiva de recuperação das cotações ao produtor - prevê.
A intensidade desta alta dependerá do comportamento cambial e dos preços internacionais. Uma queda mais acentuada das cotações internacionais reduz a competitividade do arroz no Mercosul, que pode se voltar para o maior mercado mundial extra-Ásia: o Brasil.
A colheita da safra do Hemisfério Norte se concentra entre os meses de agosto e dezembro, devendo exercer uma pressão sazonal sobre as cotações dos principais exportadores: Tailândia, Vietnã, Paquistão e Estados Unidos.
Por outro lado, o ingresso de cereal de fora do Mercosul no Brasil é dificultado pela logística e pelas tarifas de importação.
- Como no Mercosul a pressão sazonal de oferta já passou, o mercado brasileiro sentiria de forma menos intensa uma eventual queda nas cotações mundiais - frisa.
O comportamento cambial pode ter um reflexo mais intenso.
- Uma depreciação do real potencializaria a tendência de alta - lembra.
Entretanto, se o padrão monetário brasileiro continuar valorizando em relação ao dólar, os preços internos poderão sofrer pressão, tanto pela paridade de importação, quanto pela de exportação.
- Por isso, o produtor precisa ter perícia na comercialização e, partindo de seu custo de produção, montar uma estratégia de venda buscando preços médios que garantam sua rentabilidade - pondera