Trigo - Safra paranaense de trigo pode ser a maior dos últimos 22 anos
Data:
21/07/2009
A safra paranaense de trigo 2009/10 pode ser a maior dos últimos 22 anos. A previsão é do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastacimento (Seab). A estimativa é de que o estado produza cerca de 3,25 milhões de toneladas, volume semelhante ao da temporada 1987/88. “Em condições normais, sem geadas muito fortes ou chuvas muito intensas, podemos atingir um número recorde. Vai depender das condições climáticas”, diz o agrônomo Otmar Hübner. No ano passado, a produção foi de 3,21 milhões de toneladas, 1% menor do que o esperado para este ciclo.
Para o agrônomo Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia, as chances da safra superar o recorde são altas. “É bem provável que isto aconteça. Não há previsão de geadas e as chuvas serão esparsas. O maior problema seria para quem plantou um pouco mais tarde, a partir da segunda quinzena de junho, porque as lavouras estarão mais sensíveis às chuvas”, lembra. O fenômeno climático El Niño, que começa neste mês e pode durar até um ano, poderá beneficiar a safra. “Vai chover 20% acima da média histórica nos três estados do Sul. Se as precipitações vierem na hora certa, com certeza vão ajudar”, afirma o meteorologista Expedito Rebello, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Se a produtividade não preocupa, a qualidade do grão colhido pode ser menor nesta temporada por causa dos eventos climáticos. “Com o o El Niño trará muita umidade, pode ser que alguns produtores tenham que fazer a colheita durante um período de muita chuva”, alerta Marco Antônio.
Plantio concluído Conforme zoneamento agroclimático do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a data limite para o plantio de trigo no estado terminou ontem. Segundo a Seab quase todas as lavouras foram implementadas dentro do período recomentado. “A chuva atrapalhou um pouco, mas de maneira geral o desenvolvimento da cultura é bom. Tanto que a maioria das lavouras está em boas condições”, explica Hübner.
Segundo a última estimativa do Deral, deve haver um aumento de 7% na área total da cultura em relação ao ano passado. A extensão plantada saltour de 1,15 milhão de hectares para 1,22 milhão, a maior área de plantio desde 2004/05.
Primeiro produtor de trigo do país, com quase 60% da produção, o Paraná deverá apresentar queda de 7% na produtividade em relação a 2008. São previstos 2,65 mil quilos por hectare, enquanto no ano anterior, que contou um clima muito favorável, foram colhidos 2,83 mil kg/ha. “Acho que nos próximos anos vamos superar a marca dos 3 mil quilos por hectare. Para se ter uma ideia, na década de 80, quando tínhamos todos fatores ajudando, não superávamos os 2 mil kg/ha. Hoje, com a tecnologia cada vez mais moderna, vamos melhorar ainda mais”, aposta Hübner.
Fernando Rudnick
Agricultores esperam produtividade menor Ponta Grossa - Com o plantio encerrado, os produtores de trigo do Paraná não acreditam que a produtividade desta safra será tão boa quanto a do ciclo anterior. “É difícil atingir os resultados recordes do ano passado porque o principal fator que interferiu foi o clima, principalmente nos últimos meses de cultivo”, diz o Luiz Alberto Wantroba, técnico do núcleo regional da Seab, em Ponta Grossa. Ele lembra que o trigo precisa de chuvas regulares e bem distribuídas durante todos os meses de cultivo, e a ausência de geada nos últimos períodos.
Na opinião do produtor Roberto Bührer, que aumentou a área plantada de 180 mil hectares para 240 mil/ha, o trigo é muito suscetível às condições climáticas. “O ponto crítico acontece no mês de setembro, quando qualquer geada ou chuva em excesso pode inviabilizar a produção”, afirma. O agricultor espera uma forte queda da produtividade, que deverá passar dos 4 mil quilos por hectare para 3 mil kg/ha.
Apesar dos riscos, os triticultores ainda apostam na cultura por conta de mecanismos de venda do governo federal, pela possibilidade de financiar o seguro do plantio, e também por causa da queda de produção da Argentina, líder mundial em exportação do produto.
“Levamos em conta que o custo de produção do milho safrinha, geralmente plantado na área de trigo, aumentou bastante. Ainda é preferível investir no trigo, que terá um preço mínimo melhor que no ano passado”, comenta Ivo Arnt, agricultor de Tibagi.
O preço esperado pelo mercado é de R$ 530 por tonelada, ante uma posição fechada em R$ 480/t na última safra.