Trigo - Sem chuva, PR pode fechar plantio de trigo
Data:
22/07/2009
O Paraná, maior produtor brasileiro de trigo, deve encerrar nesta semana a semeadura do cereal com ajuda do tempo mais seco após as chuvas ocorridas ao longo de julho, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Estado.
"Nos últimos dias, parou de chover. O plantio já poderia ter terminado (não fossem as chuvas)", disse nessa terça-feira o agrônomo Otmar Hubner, do Deral, ressaltando que nesta época do ano passado o Estado já havia concluído os trabalhos.
Pelo último dado disponível do Deral, da semana passada, o Estado já havia semeado 94% da área estimada em 1,22 milhão de hectares para a safra de 2009.
O Estado, que ampliou o plantio em 7% em relação a 2008, pode colher uma safra de 3,25 milhões de t, ou mais da metade da produção esperada para o Brasil pelo Ministério da Agricultura (5,6 milhões de t).
"As condições das lavouras estão boas", acrescentou Hubner, observando que a umidade tem ajudado, de maneira geral, o desenvolvimento da safra.
A única ressalva feita pelo agrônomo tem relação com a maior incidência de doenças que se desenvolvem em condições úmidas, como a ferrugem, o que exige maior atenção dos produtores na aplicação de defensivos para que sejam evitadas perdas de produtividade. A colheita no Paraná começa em agosto.
O Deral deve divulgar ainda nesta semana o seu relatório mensal com estimativas de safra, atualizando os números de produção e plantio.
Uma safra paranaense abundante é fundamental para garantir a oferta interna no Brasil, um país importador com consumo de cerca de 10 milhões de t ao ano. Mas o Rio Grande do Sul, segundo produtor do cereal, também colabora para atender parte do consumo nacional.
A Emater, órgão de assistência técnica do governo gaúcho, prevê uma safra de 1,7 milhão de t de trigo este ano, queda de cerca de 20% ante o ano passado, com uma redução da área plantada.
Entretanto, os gaúchos estão plantando mais este ano uma variedade de trigo mais apreciada pela indústria de farinha destinada à panificação, aquela com mais demanda no País.
"Houve uma evolução na área plantada com trigo pão. Em 2008, plantamos 33% com essa variedade. E em 2009 está em torno de 50%", disse Ataides Jacobsen, agrônomo da Emater.
Ao longo dos últimos anos, o Rio Grande do Sul tem buscado trabalhar mais com variedades de trigo "pão", segundo Jacobsen. Além disso, o governo federal, por meio de sua política de preços mínimos, passou a incentivar a produção desse cereal.
Segundo ele, com um plantio maior de "trigo pão", o Rio Grande do Sul teria cerca de 900 mil toneladas do produto mais apreciado pela indústria.
A produção restante, do chamado trigo "soft", encontra demanda na indústria de biscoitos, e o Brasil também costuma exportar algum volume do cereal.