O El Niño desenha um cenário animador para a safra de verão brasileira. Mas, por outro lado, pode ter impacto não tão positivo na produção de inverno. No Paraná, o fenômeno acende a luz amarela para as lavouras de trigo que estão no campo e vão começar a ser colhidas no próximo mês. Como a colheita se estende até dezembro no estado, lavouras mais tardias podem ser prejudicadas pelo excesso de umidade no final do ano. “O aquecimento do Pacífico muda a circulação dos ventos, e isso faz com que a umidade da Amazonia chegue ao Sul do país mais facilimente. Isso deve começar a acontecer já no fim deste ano”, explica Lisandro Jacobsen, meteorologista do Simepar.
Além de atrasar a evolução dos trabalhos de campo, precipitações muito intensas durante a colheita tendem a aumentar a incidência de pragas e doenças, o que prejudica a qualidade dos grão e gera descontos na hora da comercialização. “A dica é ficar atento às previsões e aproveitar toda e qualquer janela de colheita sempre que possível para diminuir o risco de perdas”, aconselha Paulo Etchichury, do Somar Meteorologia. Diante da previsão de chuva, o agricultor que tiver áreas prontas pode colher antes do tempo e deixar para tirar a umidade dos grãos no secador ou alugar máquinas para acelerar os trabalhos, sugere. “Aumenta custo, mas diminui o risco de perdas quantitativas e qualitativas na produção”, observa.