Trigo - Baixa comercialização de trigo preocupa entidades
Data:
30/07/2009
Os altos estoques de trigo – ainda remanescentes da safra anterior – levaram a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) a pedir ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento medidas de apoio à comercialização do grão. Atualmente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem mais de 725 toneladas de trigo, enquanto no mesmo período do ano passado havia pouco mais de 5,6 mil toneladas. A preocupação da entidade é com a colheita, que tem início no próximo mês. A partir da entrada da safra, a tendência é que os preços caiam ainda mais.
Segundo a Faep, a cotação atual – na casa dos R$ 465 a tonelada – está abaixo do preço mínimo estipulado pela Política de Garantia de Preços Mínimos do governo federal, que é de R$ 555/tonelada. ‘‘Solicitamos ao Ministério da Agricultura medidas de apoio à comercialização, principalmente, para escoar os estoques remanescentes da safra 2008 do trigo paranaense para outras regiões, tendo em vista a entrada da nova safra e, simultaneamente, lançar os instrumentos de apoio para garantir renda aos produtores’’, afirma a Faep em nota enviada ao ministério.
Dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura indicam que até a semana passada 92% da safra anterior havia sido comercializada, enquanto no final de abril do ano passado o índice era de 99%; e em março de 97, o percentual era de 94%. Na última safra de trigo, colhida no ano passado, a produção estadual foi de 3,2 milhões de toneladas, volume bem superior ao colhido em 2007 (1.920 milhão de tonelada). ‘‘A safra deste ano foi maior e o trigo, historicamente, não apresenta liquidez. Além disso, o dólar baixo privilegia as importações’’, afirma Otmar Hubner, engenheiro agrônomo do Deral.
Apesar de o Brasil ter que importar praticamente metade de todo o grão consumido internamente, Hubner acrescenta que a produção da Região Sul é comercializada por aqui. ‘‘Para os Estados do Norte e Nordeste é mais barato comprar trigo de outros países porque o custo de cabotagem é alto. O País não tem ferrovias ou hidrovias e transportar por caminhão é muito longe’’, observa. O economista da Faep, Pedro Loyola, acrescenta que as indústrias moageiras estão abastecidas com trigo em plena entressafra. Esse fator poderá levar os preços a caírem ainda mais a partir do próximo mês, quando chega ao mercado a nova safra.
A proposta da Faep é que o ministério inclua o Paraná em leilões para prêmio de escoamento da safra e com a oferta de contratos de opção com vencimento para dezembro. ‘‘Isso daria mais tranquilidade aos triticultores para comercializar suas safras’’, diz Loyola. A reportagem procurou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para saber se há possibilidade de o Paraná ser incluído nos leilões para escoamento de produtos, mas o superintendente de Operações Comerciais João Paulo Moraes Filho informou que isso já foi feito.
‘‘As questões de escoamento ocorrem conforme as necessidades dos Estados e discutimos isso em reuniões periódicas’’, explica Moraes. No entanto, ele acrescenta que o Ministério da Agricultura é quem define as políticas agrícolas, cabendo à Conab apenas a execução.