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Milho - Menos milho e mais soja à vista
Data: 31/07/2009
 
Baixa cotação e grande safra nos Estados Unidos desestimulam agricultores a investir no cereal e dar prioridade à oleaginosaO recuo nos preços do milho deve levar o Estado a uma queda brusca na área cultivada com o grão. O mais recente levantamento da consultoria Safras & Mercado indica que o plantio da lavoura 2009/2010 deverá alcançar 1,125 milhão de hectares, o que representaria retração de 21% sobre o ciclo anterior.

Se confirmada, será a segunda maior diminuição de área plantada desde 1976, quando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) iniciou a série histórica. Desde então, a maior redução de área foi na safra 1992/1993, com queda de 22%.

Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, ressalta que a pesquisa foi feito entre 15 de junho e 15 de julho, quando o preço da saca de 60 quilos de milho no Estado estava acima de R$ 20. Como a cotação varia agora entre R$ 16 e R$ 18, ele avalia que a área pode sofrer corte ainda maior caso os preços não reajam em agosto e setembro, quando o produtor toma a decisão de que cultura de verão vai privilegiar.

– É um preço muito baixo para o milho. Há um desestímulo total – diz Molinari, que lista a grande safra norte-americana, a perda de atratividade das exportações por causa da valorização do real e o alto estoque de passagem no Brasil como fatores de queda da cotação.

Forte mudança depende de sementes e de crédito

A diferença de 300 mil hectares a menos para o milho, afirma o analista, deve ser direcionada para a soja, cultura que atualmente tem rentabilidade maior. Uma migração em grande escala, observa Molinari, poderia ser barrada pela disponibilidade de sementes de soja e financiamento esgotado para a oleaginosa.

Previsão mais drástica faz o presidente da Federação da Agricultura do Estado, Carlos Sperotto. Segundo o dirigente, a redução da área plantada de milho pode chegar a 50%. A razão, explica, está “no aviltamento dos preços”.

– Com a saca de milho a R$ 16, é preciso 102 sacas para pagar o financiamento de um hectare. Mas colhemos este ano no Estado uma média de 65 a 75 sacas por hectare – argumenta Sperotto, que também prevê a migração do produtor para a soja.

O agricultor Érico Pereira de Veiga, que cultiva soja e milho em Santa Bárbara do Sul, no noroeste do Estado, é um exemplo dessa situação. Plantará mais soja no lugar do milho.

– Vou diminuir a área de milho em 70% e plantar apenas 40 hectares – conta Veiga, que produz milho irrigado e conseguiu na última safra uma produtividade de 150 sacas por hectare, mais do que o dobro da média no Rio Grande do Sul.

O presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Estado, Narciso Barison Neto, lembra que os riscos da lavoura pela maior necessidade de água do milho em relação à soja também pode influenciar os produtores. E confirma uma redução “significativa” da procura por sementes de milho.


Fonte: Zero Hora
 
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