Registro - Centro-Oeste é única região no País a exportar mais no ano
Data:
06/08/2009
As exportações brasileiras alcançaram no acumulado do ano, até julho, o equivalente a US$ 84,093 bilhões, o que representa uma queda de 24,3% na comparação com o mesmo período de 2008. O resultado separado entre as regiões do País mostra, no entanto, que as Regiões Sul e Sudeste recuaram respectivamente 28,8% e 23,6% em razão da queda acentuada das vendas de produtos manufaturados. Enquanto isso, a Região Centro-Oeste apresentou crescimento de 2,3%, no mesmo período, em decorrência das exportações do setor agropecuário.
De acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), as exportações de manufaturados recuaram 33,6% em julho, frente ao mesmo mês do ano anterior, contudo o seu desempenho foi menos desfavorável do que o apresentado pela categoria de semi-manufaturados, que caiu 41,5%, mas continuou inferior ao registrado pelos básicos (23,1%). Já no acumulado do ano, os produtos manufaturados apresentaram o pior desempenho com retração de 32%, frente às quedas de 11,8% dos básicos e 30,7% dos semi-manufaturados.
Segundo os dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o Estado do Espírito Santo mostrou a maior queda na região Sudeste, com 34,9%. Já na Região Sul, o principal recuo foi do Estado do Paraná, com 28,1%. O crescimento no Centro-Oeste, por sua vez, foi motivado pelo Estado do Mato Grosso com 16,4%.
Para o professor de economia da PUC-SP, João Ildebrando Bocchi, a queda acentuada nas exportações das Regiões Sul e Sudeste ocorreu em decorrência da pauta de exportações.
"Enquanto no Centro-Oeste exportamos commodities, que durante a crise mundial estão em alta na pauta de comércio brasileiro, as vendas das Regiões Sul e Sudeste caíram, pois os principais produtos exportados são manufaturados, com maior valor agregado", explicou Bocchi.
O economista acrescentou ainda que a tendência é de queda para a região central do País nos próximos meses, pois as exportações, principalmente, de soja, devem cair mais de 20% no segundo semestre deste ano.
"Durante este ano de crise, os preços das commodities estão em queda, o que eleva seu poder de atração diante do mercado internacional. Além disso, os agricultores tiveram uma produção superior na região, que atende a crescente demanda", explicou o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), Roberto Segatto.
Mauro Calil, professor do Centro de Estudos Calil & Calil, afirmou que outro fator para o crescimento da Região Centro-Oeste, fora o aumento das vendas de agronegócio em grãos, como a soja e milho, é a produção e exportação de carnes. "A produção elevada de carnes e a tomada do mercado internacional que antes pertencia à Argentina também contribuíram ", disse Calil.
Para o IEDI os principais destaques positivos, que atenuaram o recuo das vendas externas foram: açúcar refinado (36,8%) e óxidos e hidróxidos de alumínio (15,2%).
Contudo, as mercadorias que justificam as quedas nas exportações no mesmo período de comparação são automóveis (46%), óleos combustíveis (41%), etanol (37,7%) e calçados (29,5%).
Em contrapartida, a participação no saldo da balança comercial, inverte algumas posições. A Região Sudeste lidera com US$ 43,217 bilhões, seguida da Região Sul US$ 18,700 bilhões, Centro-Oeste, US$ 8,711 bilhões, Nordeste, US$ 6,170 bilhões e Norte, US$ 5,706 bilhões.