A soja pode chegar a um recorde de US$ 20 o bushel, o que é mais que o dobro do preço atual, devido aos baixos estoques, o dólar mais fraco e uma demanda crescente, levada pela recuperação da economia global. É o que afirma John Reeve, diretor de commodities agrícolas do banco Standard Chartered Plc.
“Historicamente, agosto é o mês mais volátil para a soja, pois é o período de formação de vagens nos EUA”, informou John Reeve, referindo-se ao período que ajuda a determinar o rendimento final das safras. “Esta é uma safra tardia”, diz Reeve.
Os Estados Unidos produzem mais que um terço da soja do mundo, e os estoques mundiais estão no nível mais baixo em cinco anos, de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Por isso, os preços devem variar entre US$ 8 e US$ 20 o bushel, afirma Reeve. A safra, usada para a produção de ração animal e óleo de cozinha, alcançou o preço recorde de US$ 16,3675 o bushel em 2008.
“Estou um pouco mais altista que baixista em relação a soja”, disse Reeve em entrevista. “A recuperação econômica, especialmente na Ásia, que é logicamente a maior parte do mercado exportador, o dólar mais baixo, e todo o cenário macro, como os estoques apertados de soja nos EUA, devem fazer os preços disparar”.
A soja para dezembro, o contrato mais ativo, chegou a US$ 9,975 o bushel hoje na Bolsa de Chicago. O contrato está um pouco diferente este ano, e já subiu 1,4%.
Os Agricultores Profissionais da América, uma empresa de informação que produz estimativas de safras, informou que a safra de soja americana deste ano deve ficar em 3,15 bilhões de bushels. O número fica abaixo dos números governamentais, que apontam para 3,199 bilhões de bushels.
Sinais precoces “Existem alguns sinais precoces que mostram que a safra não está indo tão bem”, disse Reeve, referindo-se a safra americana. “O foco para o abastecimento se volta para a América do Sul”, ele completa.
A Argentina, que vem sofrendo com as secas, e o Brasil, são os maiores produtores da oleaginosa depois dos EUA. A safra da América Latina é plantada no último trimestre, depois que a safra americana foi colhida.
Milho “Nós poderemos ver preços maiores de milho, se a demanda aumentar com a recuperação econômica e o dólar se mantiver baixo”, disse Reeve. “Neste estágio, a safra ainda está parecendo muito saudável, então acho que também há um potencial para preços mais baixos”.
Os preços do milho em Chicago caíram 19% este ano, e foram comercializados a US$ 3,29 o bushel. A Pro Farmer prevê a produção de milho dos EUA em 12,807 bilhões de bushels, maior que os 12,761 bilhões estimados pelo USDA, em 12 de agosto.
“Uma dinâmica interessante que temos neste momento são preços do açúcar extremamente altos e preços do milho baixos – devemos lembrar que um dos substitutos do açúcar é o xarope de milho, que tem alta concentração de frutose”, disse Reeve. Os preços do açúcar devem crescer ainda mais com o potencial de aumento das compras pelo governo da Índia.
Açúcar - o céu é o limite “No final dos anos 70, nós tivemos açúcar a 66 centavos de dólar a libra / peso”, disse Reeve. “Ajustados pela inflação, isso seria US$ 1,70 hoje. Agora, estamos no início do século 21, então o céu é o limite para o açúcar”.
O açúcar futuro subiu para 85% este ano, alcançando a maior alta em 28 anos de 23,33 centavos a libra/peso em 12 de agosto, devido a especulações de que o clima adverso estaria reduzindo a produção na Índia e no Brasil, os maiores produtores. O contrato de hoje está em 21,84 centavos de dólar.
A Índia está passando pelo junho mais seco em 83 anos, e partes do Brasil, o maior produtor de açúcar, foram atingidas por chuvas quatro vezes mais que o normal, prejudicando as lavouras. A Índia é o maior consumidor de açúcar.