O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) disponibiliza em seu sítio, boletins sobre a bovinocultura, e sobre as culturas da soja e de milho. Os boletins sintetizam valiosas informações sobre as três atividades econômicas, constituindo uma excelente fonte de consultas. Nesta safra de 2009, os dados referentes ao milho destacam alguns aspectos sobre os custos em Campo Verde e Sorriso. Os custos estão divididos por níveis de tecnologia (nível alto com rendimento de 80 sacas por ha; médio com 70 sacas e baixo, com produção de 60 sacas/ha). Estas quantidades maiores foram alcançadas com níveis maiores/melhores de insumos (sementes, fertilizantes e defensivos). Segundo o critério, quanto mais insumos, mais tecnificado o processo de cultivo, e maiores os custos envolvidos. Em relação aos custos totais, o custo dos insumos situam-se em 57% para a alta tecnologia, 53% na média e 46% para plantios de baixo índice de tecnificação.
Os mencionados custos tem desestimulado o cultivo da lavoura de milho. Em 2009 a produção caiu 25% em relação a 2008. Nota-se que na fase inicial da cadeia, os custos têm se mostrado superiores às receitas. Considerando o preço da saca de R$ 12,00 vigente em jun/2009, as perdas foram em média 22% na cultura tecnificada, 21% com uso moderado de tecnologia e 17% para safras de baixo pacote tecnológico. Em ago/2009, os prejuízos ficaram mais elevados quando os preços despencaram para R$ 8,50. Com preços tão distorcidos em relação aos custos, o decréscimo na renda agrícola se acentua para 45%, 44% e 41% (em média), de acordo com a combinação de insumos. A instabilidade de preços dos grãos é um fato bem conhecido, especialmente nos períodos de safras quando uma maior oferta e contra uma demanda relativamente inalterada.
Somente a preços entre R$ 15 a R$ 16 poderia haver um lucro médio de 10%. Para chegar ao piso de R$ 16, os preços médios de agosto/2009 teriam que ser dobrados. Bom lembrar que em 2009, os melhores preços foram observado em fevereiro, cerca de R$ 14,00 a saca de 60 kg. Uma forma compensatória para preços em queda seria conseguir uma redução de custos. Contudo, o principal item – insumos - está sob o controle de um organizado regime de oligopólio. Alguns especialistas tem recomendado iniciar/manter pesquisas biológicas como meios possíveis para a agricultura comercial se emancipar da estrutura oligopólica de mercado. Contudo, as condições atuais não acenam para essa mudança. Ao contrário, apesar dos maiores rendimentos, a variedade transgênica do milho, deve continuar capturando recursos da agricultura para empresas detentoras de patentes, cerca de quatro multinacionais. Um cenário pouco alentador, pois o milho ocupa uma posição de destaque como uma riquíssima fonte agroalimentar de dificil substituição.