Feijão - Novas cultivares de feijão para terra firme abrem oportunidade de safra alternativa no AM
Data:
03/09/2009
Com a participação de agricultores e representantes de instituições que atuam no setor agrícola do Estado, a Embrapa Amazônia Ocidental apresentou na manhã de terça-feira (01-09), resultados de pesquisa que abrem a possibilidade de se ampliar a produção de feijão-caupi no Amazonas, viabilizando que essa cultura típica das várzeas possa ser plantada também em áreas de terra firme, aumentando a oferta de alimento no Estado.
Os pesquisadores da Embrapa apresentaram ao público as características das novas cultivares, adaptadas à terra firme no Amazonas, que são BRS Xique-xique, BRS Nova Era, BRS Guariba e BRS Tracuateua, desenvolvidas por meio de técnicas de melhoramento genético e que se destacam pela maior produtividade, resistência a doenças e elevado valor nutricional. Foram discutidas técnicas de manejo para o plantio em terra firme no Amazonas e abordado o uso da mecanização para preparo de área e plantio, como forma de economia de mão-de-obra. Enquanto dez homens plantam um hectare numa jornada de oito horas, uma máquina de plantio direto faz a semeadura e adubação numa área de 10 hectares no mesmo período.
Atualmente o plantio de feijão-caupi (feijão de praia) no Amazonas é feito principalmente nas várzeas, aproveitando a fertilidade dos solos deixada pela vazante. As novas cultivares recomendadas pela Embrapa são adaptadas às condições de terra firme e quando utilizadas com adubação e técnicas de manejo, possibilitam a produção do feijão na época em que as várzeas estão submersas, permitindo oferecer mais uma safra de grãos no Estado.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), referentes a safra 2008/2009, o Amazonas teve uma área plantada em 3.200 hectares e produziu 1.021 quilos por hectare. As novas cultivares permitem alcançar produtividades de até 1.500 quilos por hectare, mesmo na terra firme onde a produtividade é baixa e encontra-se em torno de 300 quilos por hectare.
O diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável (Idam), Ramonilson Gomes, disse durante o dia de campo, que essas tecnologias têm importância econômica e ambiental para a agricultura no Estado. “A vantagem de alta produtividade que as novas cultivares têm em relação as outras que são plantadas no Estado vão proporcionar maior renda ao produtor sem necessidade de expandir a área plantada”, afirmou o diretor. Gomes destacou que o Idam, através da extensão rural, está trabalhando de forma integrada com a Embrapa Amazônia Ocidental e para levar essas tecnologias aos produtores do município de Lábrea, maior produtor de feijão no AM, por meio de recursos do PAC Embrapa.
A chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Maria do Rosário Rodrigues, destacou que a Embrapa está completando 34 anos de atuação no Amazonas e que a indicação de novas cultivares de feijão-caupi é uma das formas de compartilhar com clientes e parceiros os resultados do trabalho da Empresa. Rosário ressaltou que fortalecer a cultura do feijão-caupi tem grande importância econômica e social, pois é um alimento base da dieta alimentar das populações da região norte e nordeste fundamental para a segurança alimentar das populações carentes dessas regiões.
A agricultora familiar Eulene Gomes, presente no dia de campo, disse que ficou entusiasmada com as informações recebidas. Eulene disse que, além de fazer o plantio no período da vazante na várzea da Costa do Iranduba, planeja agora adotar as técnicas e realizar também o plantio na terra firme, e com isso aumentar sua produção.
O pesquisador Nilton Falcão, que estava representando a direção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) no evento, ressaltou que momentos como esse são necessários para a integração entre os institutos de pesquisa, produtores e alunos de pós-graduação, pois coloca em foco tecnologias prontas que podem ser aplicadas no desenvolvimento da agricultura familiar sustentável na Amazônia.
Também estiveram presentes representantes da Superintendência Federal de Agricultura, Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam), Conab, CPRM, Senac, prefeituras municipais e associações de agricultores. Ao final do evento foi feita uma degustação de feijão-caupi, feito em baião de dois, com a cultivar BRS Guariba.