Com um pouco de incerteza – motivada pelos baixos preços internacionais – mas animados com as últimas chuvas que caíram sobre Mato Grosso nos últimos dias, os sojicultores se preparam para a largada do plantio da soja a partir do próximo dia 16, após o término do período proibitivo também conhecido como Vazio Sanitário. A expectativa é de que pelo menos 10% de toda área de soja comece a ser cultivada com variedades de ciclo precoce já a partir da segunda quinzena de setembro. Apesar das incertezas de preço, os produtores apostam em incremento de área entre 2% e 3% na safra 09/10.
De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, os agricultores já compraram sementes e adubos e só aguardam a abertura da temporada de plantio. “Este ano os produtores estão mais animados por causa das chuvas. Mesmo assim, muitos vão plantar com incerteza de preços e apostando em uma recuperação até a colheita. O produtor é otimista e sempre planta na expectativa de que as coisas irão melhorar”.
Segundo Silveira, os preços atuais da soja – que oscilam entre US$ 13 e US$ 14 a saca de 60 quilos - não chegam a cobrir os custos de produção. “As vendas antecipadas este ano estão bem abaixo das nossas expectativas - não chegam a 20% - e tudo indica que teremos uma safra diferente das outras em termos de comercialização”, avalia. Ele diz que na região noroeste mato-grossense, os municípios de Campo Novo do Parecis, Sapezal e Campos de Júlio estão entre os que vão iniciar o plantio mais cedo este ano e disputam o título de pole position da nova safra brasileira de soja.
As vantagens, conforme Silveira estão na proteção dos riscos contra a ferrugem asiática da soja e na possibilidade de plantio de algodão e milho na mesma safra.
O sojicultor Odenir Ortollan, com lavouras em Campo Novo do Parecis (396 quilômetros ao Noroeste de Cuiabá), diz que só aguarda o término do Vazio Sanitário para iniciar a semeadura. A opção de Ortollan é pela variedade precoce. “Tenho usado 60% das áreas com sementes de ciclo mais rápido”, conta ele.
A região de Campo Novo deverá utilizar sementes precoces em mais de 50% de toda a sua área este ano. Das 360 mil hectares, pelo menos 180 mil hectares deverão receber a variedade de ciclo precoce.
Outro produtor que está esperando o fim do vazio sanitário para iniciar o cultivo da soja é Eliseu Maggi Scheffer. Este ano ele deverá manter os 40 mil hectares plantadas em 2008 nos municípios de Campos de Júlio e Sapezal. Deste total, cerca de 40% (16 mil hectares) deverão receber sementes precoces, “que apresentam vantagens comparativas em relação às variedades de ciclo médio, normal e longo”.
Este ano, além da soja o produtor, que é um dos maiores sojicultores individuais do mundo, pretende plantar 5 mil hectares de algodão, 10 mil hectares de milho e 2 mil hectares de feijão.
Segundo o agrônomo Agmar Lima, que presta consultoria a agricultores na região do médio norte – totalizando uma área de 30 mil hectares nos municípios de Nova Mutum, São José do Rio Claro, Trivelato e Ipiranga do Norte – os insumos já estão nas mãos dos produtores e a expectativa está concentrada para o dia 16 de setembro.
“Realmente as chuvas que caíram nos últimos dias favorecem o plantio em pequena escala”. Ele acredita que Lucas e Mutum deverão reassumir a “pole position” do plantio no médio norte, já que em anos anteriores a largada da nova safra foi dada por Sapezal (460 quilômetros ao noroeste de Cuiabá). Nova Mutum (269 quilômetros ao norte de Cuiabá) deverá plantar na próxima safra 300 mil hectares. Porém, no mês de setembro o cultivo de variedades precoces não deve passar de 15%. “[o plantio] Deve deslanchar mesmo a partir de outubro”, prevê o agrônomo.
MT se consolida na produção de grãos Mato Grosso se consolidou como o maior produtor de grãos do Brasil. Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgou a última pesquisa de monitoramento da temporada 08/09, onde o Estado registra expectativa de colher 27,42 milhões de toneladas, a segunda maior de sua história, assim como o Brasil. Segundo levantamento, a produção nacional também é a segunda maior da história, com projeção de 134,3 milhões de toneladas. Mato Grosso encerra a atual safra com participação de 20% sobre o total brasileiro.
Do volume projetado pela Companhia ao Estado, 35%, serão originados somente pela sojicultura. A previsão é de Mato Grosso colha 17,96 milhões t, o carro chefe da produção agrícola local.
Os técnicos da Conab informaram que algumas culturas tradicionais, como milho e soja, foram prejudicadas pela estiagem ocorrida no Centro-Sul, reduzindo a produtividade nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. A produção de soja alcançou 57,1 milhões de toneladas, já o milho total (1ª e 2ª safras) teve produção de 50,1 milhões de toneladas, com destaque para os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, Bahia e Tocantins.
A área plantada no Brasil totalizou 47,7 milhões de hectares, representando aumento de 0,6% sobre o registrado na safra 2007/08 (47,4 milhões de hectares).
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Com um pouco de incerteza – motivada pelos baixos preços internacionais – mas animados com as últimas chuvas que caíram sobre Mato Grosso nos últimos dias, os sojicultores se preparam para a largada do plantio da soja a partir do próximo dia 16, após o término do período proibitivo também conhecido como Vazio Sanitário. A expectativa é de que pelo menos 10% de toda área de soja comece a ser cultivada com variedades de ciclo precoce já a partir da segunda quinzena de setembro. Apesar das incertezas de preço, os produtores apostam em incremento de área entre 2% e 3% na safra 09/10. 