Trigo - Analista da Conab indica redução na safra de trigo do Brasil
Data:
09/09/2009
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) manteve inalterada nessa terça-feira (8) a sua previsão da safra de trigo do Brasil deste ano, enquanto os técnicos ainda apuram o volume das perdas na produção por conta das chuvas, que favorecem doenças e prejudicam a colheita no maior produtor nacional, o Paraná.
Mas o analista de trigo da Conab, Paulo Magno, afirmou que as doenças fúngicas que atacam as lavouras, especialmente no Paraná, levarão a estatal a revisar para baixo sua próxima previsão de safra e consequentemente elevar a estimativa de importação em 2009/10.
"Tem perda e é grande. Isso ainda vai ser detectado no campo", disse Magno, observando que os técnicos começarão a apurar os problemas na semana que vem.
A Conab estimou nesta terça-feira uma produção de trigo do Brasil neste ano em 5,8 milhões de t, ante 6 milhões no ano passado, e importações de 5,3 milhões para 09/10 (agosto/julho), contra 6,1 milhões de t em 08/09.
No entanto, isso será alterado no próximo levantamento. "Afetou a parte do trigo melhor do Brasil, que está no norte do Paraná", acrescentou Magno, observando que provavelmente a Conab terá de rever também os números das importações brasileiras.
A elevada umidade no Paraná, que tradicionalmente colhe mais da metade da safra brasileira, causou um severo ataque de doenças fúngicas como brusone e giberela, que afetam a formação de espiga e o enchimento do grão.
O Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Paraná, já reduziu a sua estimativa, na semana passada. A produção, antes das chuvas estimada pelo Estado em um recorde de 3,49 milhões de t, agora está prevista para 3,17 milhões de t.
As perdas no Paraná podem aumentar, uma vez que as chuvas continuam e a colheita está bem atrasada, atingindo apenas 6% a 7% da área plantada, contra 30% na mesma época do ano passado, segundo o agrônomo do Deral Otmar Hubner.
"Está chovendo de novo, a perspectiva é de chover a semana toda, e isso pode agravar a situação. Mas, por outro lado, muitas lavouras (em estágios não tão avançados) poderiam produzir bem", disse Hubner. Mais da metade da safra do Paraná está entre as fases de desenvolvimento vegetativo e frutificação, nas quais as chuvas são benéficas.
Uma produção satisfatória no Brasil é importante para amenizar a necessidade de importação do país, que vez ou outra acaba figurando como o maior importador mundial. E é mais importante em um momento em que a Argentina, o principal fornecedor brasileiro, prepara-se para colher uma safra fraca, em função de uma menor área plantada.
Segundo o corretor Walter Von Muhlen, da gaúcha Serra Morena, o mercado de trigo no Brasil ainda não "precificou" os problemas no Paraná, até porque não é possível saber por ora o volume perdido.
"Por enquanto ninguém precificou, tem muito trigo velho no mercado, tem a farinha argentina entrando e lá fora o mercado está fraco", afirmou Muhlen, destacando que a fraqueza do mercado internacional, com a abundância global do grão, e o real valorizado frente ao dólar pressionam os preços internos.
O corretor afirmou também que as lavouras de trigo do Rio Grande do Sul, segundo produtor nacional, ainda não são afetadas pelas chuvas, pois o Estado colhe mais tarde que o Paraná. "Mas tem previsão de chuva para outubro, e aí pode afetar", disse ele.