Registro - União aplica R$ 50 milhões na compra de leite em pó
Data:
15/09/2009
Depois de autorizar a importação de 9 mil toneladas de leite em pó argentino, o governo federal decidiu intervir no mercado e direcionar R$ 50 milhões do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para absorver até 7 mil toneladas do produto nacional. A medida chega após dois meses de queda na cotação, que sofreu retração de até 25% e alcançou R$ 0,58 o litro. O enxugamento ocorrerá com compra direta do produtor familiar e de apoio à formação de estoques das cooperativas. Além do valor que sairá do orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), de R$ 125 milhões para o PAA, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome reservou parte dos R$ 468 milhões do programa de compra de leite em pó para cestas básicas. Segundo o diretor de Geração de Renda do MDA, Arnoldo de Campos, as operações já começaram no Sul e deverão ser estendidas para Minas Gerais e Goiás em outubro. Campos calcula que a operação deve beneficiar 100 mil produtores brasileiros. Além de garantir o escoamento, as cooperativas podem financiar a estocagem por até um ano com preço de R$ 7,50 por quilo de leite em pó. No mercado, o valor é de aproximadamente R$ 5,00. 'Nossa principal preocupação é dar ferramentas para evitar novas quedas que prejudiquem o produtor familiar', explica. Representantes de cooperativas avaliam a intervenção como importante, mas apontam gargalos, como a efetiva dotação orçamentária que impede a conclusão de operações alinhavadas, aponta o dirigente de uma das dez cooperativas que compõe a mesa de negociação. Outro limitante apontado neste momento é o teto anual de venda direta do produtor ao governo, de R$ 3,5 mil. O valor deveria ter sido reajustado para R$ 8 mil em julho, mas falta aval do Ministério do Planejamento. Campos não acredita que isso possa atrapalhar o auxílio à sustentação do preço, já feita em 2008, com aplicação de R$ 48 milhões. Ele lembra que, do orçamento do MDA para o PAA, somente R$ 8 milhões foram gastos até setembro O presidente da Fetag, Elton Weber, defende a criação de mecanismos que não somente estanquem as importações de países do Mercosul, mas que evitem que empresas brasileiras vendam leite em pó importado para o governo federal, como vem acontecendo. 'É engraçado que, depois de permitir a ampliação das importações, o mesmo governo agora interfira no mercado', aponta Weber. A conjuntura e as perspectivas dos mercados de produtos lácteos e insumos da cadeia será um dos temas em debate em encontro das câmaras de leite da OCB e da CBCL, hoje em Brasília.