Desacato, desobediência e resistência à prisão foram as acusações
Quatro arrozeiros ficaram feridos em confronto com a Polícia Militar, diante do Parque Anauá, onde o presidente Lula encerrou ontem a agenda em Roraima. O líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero, levou cinco pontos na cabeça. Segundo o comandante da PM no Estado, coronel Waney Raimundo Vieira Filho, os quatro seriam presos ao sair do hospital por desacato a autoridade, desobediência e resistência à prisão.
"Estamos aqui lutando para não entregar nosso Estado aos indígenas e o presidente Lula já está planejando outra demarcação", reclamou Quartiero, pela manhã, quando foi realizada a primeira manifestação do dia, no Aeroporto de Boa Vista. No protesto da tarde, quando foi atingido pelo cassetete de um policial, ele segurava um cartaz com a frase "Pela desintrusão dos ecoparasitas".
Quartiero foi o líder das manifestações contra a demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol. É ex-prefeito de Pacaraima e dono de duas das maiores fazendas de arroz de Roraima. Na frente do Aeroporto de Boa Vista, lideradas pelo arrozeiro, cerca de 50 pessoas vestidas de preto gritavam palavras de ordem como "Fora Lula entreguista". Indiferente à manifestação, o presidente inaugurava a obra de ampliação do local, que teve custo de R$ 9 milhões, parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
De acordo com Quartiero, a manifestação da manhã foi bem mais pacífica. Ressaltou, porém, que "alguns companheiros chutaram uns carros da Polícia Federal". "Mas de tarde quiseram nos impedir de entrar, só que o parque é lugar público, não é como o aeroporto, que é federal", disse.
"Quando informamos aos manifestantes que eles não poderiam entrar, por ordem da Presidência, começaram a empurrar o portão principal e as pessoas que estavam na frente, incluindo mulheres e crianças", relatou o comandante da PM. Segundo ele, os manifestantes jogaram urina, ovos e cadeiras nos policiais. "Aí tivemos de reagir com força e demos ordem de prisão", disse Vieira Filho.
De acordo com Quartiero, a PM estava diante do Hospital-Geral de Boa Vista esperando que ele, dois fazendeiros e a mulher de um deles saíssem para serem presos. "Não vamos resistir à prisão, mas não vamos parar com nossa luta e resistência", afirmou.