O preço do trigo não tem sofrido alterações significativas nas últimos meses. O valor pago no período tem ficado abaixo do preço mínimo, definido em R$ 33,30 a saca do padrão PH 78, o mais alto. Na última quarta-feira o produto estava sendo comercializado a R$ 25,73, mesmo patamar do produto de qualidade inferior. O preço mínimo do trigo PH 75 é R$ 30,60 e do o PH entre 70 e 74 é R$ 25,07.
Segundo Otmar Hubner, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), não existe perspectivas de alteração no mercado. Os estoques mundiais estão bons, apesar de ter havido redução da produção na Argentina, diz. O técnico lembra que o trigo que está sendo comercializado é produto da safra passada. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil importou este ano 5,3 milhões de toneladas, afirma.
Produtores de trigo normalmente reivindicam melhores condições de produção e comercialização. O trigo brasileiro concorre com o produto trazido de outros países, como a vizinha Argentina, e dificilmente o preço recebido satifaz o produtor brasileiro.
A perspectiva para a próxima safra esbarra na qualidade do produto que chegará ao mercado. O inverno chuvoso deste ano, com precipitações muito acima da média histórica, vai causar perdas importantes e interferir na qualidade grão. O produtor recebe de acordo com a classificação, diz. As condições climáticas favoreceram, principalmente, a ocorrência de doenças como brusone. Estimativa da Embrapa indica que dos 1,3 milhão de hectares cultivados com trigo no Paraná, pelo menos 780 mil (o equivalente a 60%) poderão ter prejuízos em torno de 80% da área plantada. O Deral estimava até a semana passada perdas em torno de 9% na produção, índice que deve aumentar em função de chuvas que ocorreram após o último levantamento.
O produtor ainda sofreu nesta safra com o aumento dos custos de produção. O tratamento das doenças exigiu investimentos maiores, diz Hubner. A queda na produção vai provocar também aumento no volume importado no ano que vem.