O preço do café nas cooperativas de Minas Gerais subiu cerca de 5% desde o começo do mês. Apesar do aumento, quem tem o produto estocado não quer vender.
O agricultor Lázaro de Oliveira já terminou de colher o café nos 110 hectares que tem em Patrocínio, no Alto Paranaíba, Minas Gerais. São mais de cinco mil sacas. Até agora, ele mantém estocado mais da metade desse volume, à espera de um preço melhor.
“Eu estou segurando, porque pelo preço de hoje, mesmo que tenha dado uma reagida e chegado a R$ 260, não dá pra cobrir os custos. Por eu trabalhar um pouco com venda futura, eu vendi 30% da minha safra, que dá para eu segurar um pouco até ver se o mercado dá uma reagida. Para vender, o preço precisaria chegar em torno de R$ 290, R$ 300. Pelo preço que está, já me ofereceram R$ 260, mas eu prefiro esperar mais um pouco”, diz Lázaro.
Na cooperativa de Patrocínio existem, hoje, cerca de 400 mil sacas de café estocadas, produto de agricultores que não querem vender pelo preço atual. Nesta época do ano, a cooperativa costuma movimentar cerca de 3 mil sacas por dia. Hoje, o volume é de 2 mil.
“O produtor está aguardando a opção do governo, da entrega, e tentando ver se o mercado reage financeiramente. Por mais que o café tenha saído de R$ 240, dois meses atrás, passando para R$ 260 agora, o produtor ainda acha pouco em relação ao preço que ele quer vender o café", explica Joel Borges, gerente da Cooperativa de Cafeicultores do Cerrado.
Nessa quinta-feira, os fundos de investimentos que negociam ações na Bolsa de Nova York venderam posições no mercado de café, fazendo com o que o preço internacional do grão caísse 5% no dia. Essa queda acabou travando o mercado brasileiro e as cooperativas praticamente não fecharam contratos.