Nossos repórteres ouviram representantes dos criadores de gado e das indústrias sobre as fusões de grandes frigoríficos anunciadas.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso diz que a concentração de empresas pode gerar um problema para os pecuaristas. “A preocupação maior é que ao ter uma concentração, eles estarão dominando o preço não só da compra do produto como também da venda ao supermercado”, diz Mário Cândia, presidente da Acrimat.
Em Brasília, o presidente da Abrafrigo, associação nacional que representa 2,5 mil pequenos e médios frigoríficos, também está preocupada.
“Os pequenos e médios diante desta nova situação do mercado, principalmente de bovinos vivos para o abate, nós acreditamos que vai haver um desafavorecimento para o pequeno e médio frigorífico”, diz Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo.
Em Goiânia, nós conversamos com o Antenor Nogueira, representante da CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
“Nós estamos não só incomodados com esta fusão como também com a do Marfrig com o Maggi agora porque a medida que vai havendo a concentração de frigoríficos vai havendo também uma menor opção de produtor em relação a venda de seus bois gordos. Se você pega uns estados como Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, que hoje são os maiores estados produtores do país, esse nível de concentração chega a passar dos 50%”, diz ele.
Em São Paulo, a empresa JBS contestou esses números. “Juntando JBS com o Bertim eles vão abater 16% do abate nacional. Não existe este risco. O que existe é um temor do crescimento das empresas. A tendência é as empresas industriais se consolidarem, continuarem crescendo para obter economias de escalas e mais competitividade”, diz Pratini de Moraes, presidente do Comitê de Estratégia Empresarial da JBS.
A CNA deve se reunir, esta semana, com advogados e com a bancada ruralista para analisar a fusão do JBT com o Bertim.