Soja - Preço em Chicago se recupera em movimento especulativo
Data:
07/10/2009
Os contratos futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) experimentaram ontem um rali fora de época. Os lotes mais negociados, com entrega em novembro, terminaram o dia com valorização de 2,82%, cotados a US$ 9,10 o bushel. Com isso, o mercado retornou à faixa de preço em que operou nas últimas semanas, antes da liquidação de sexta-feira (2).
Os derivados também registraram forte alta. Os contratos de farelo com vencimento em dezembro avançaram 2,59%, para US$ 277,50 a tonelada curta. Já o óleo para dezembro fechou a 34,26 cents/lb, em alta de 1,21%.
No pregão viva-voz, fundos compraram mais de 7 mil contratos do grão, 2 mil de óleo e outros mil de farelo. Movimento semelhante foi observado em praticamente todo o segmento de commodities. Café, algodão, milho, trigo e cobre registraram ganhos expressivos; o ouro bateu recorde histórico.
De modo geral, investidores buscaram nas commodities uma proteção contra o enfraquecimento do dólar. A decisão do banco central da Austrália de elevar sua taxa básica de juros em 25 pontos-base fez crescer o apetite dos investidores por ativos de risco em detrimento da moeda americana. Trata-se do primeiro país do G-20 (o grupo dos 20 países mais industrializados) a elevar os juros, sinalizando uma aposta na recuperação da economia e das pressões inflacionárias.
O interesse dos fundos pelas commodities potencializou as preocupações com o efeito do clima sobre a produção de grãos nos Estados Unidos. Segundo John Kleist, operador e analista da corretora Allendale, o tempo frio e chuvoso no Meio-Oeste, combinado com a previsão de geadas para o fim da semana, deram alguma "legitimidade fundamentalista" para o rali.
"Ainda há incertezas quanto à porcentagem da safra que ainda estaria vulnerável no caso de uma geada. Mas não importa se as perdas serão de 2% ou 10%, é com base no medo que o mercado opera até que o fato seja conhecido", explicou Tim Hannagan, analista da corretora PFG Best, em Chicago.
Embora tenha voltado a embutir prêmios de risco nos preços da soja, o mercado ainda trabalha com um cenário de safra recorde este ano. A expectativa é de que, na sexta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revise para cima sua previsão de colheita, hoje na casa dos 88 milhões de toneladas.
Segundo pesquisa realizada pela agência Dow Jones, a média das expectativas do mercado para o relatório aponta uma produção de 89,57 milhões de toneladas (3,291 bilhões de bushels). As projeções variam dentro de um intervalo entre 87,56 milhões e 92,07 milhões de toneladas.
Adido do USDA eleva estimativa para produção argentina
Entre outras notícias, o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou ontem sua estimativa para a produção de soja da Argentina, de 51 milhões para 52 milhões de toneladas, em uma área de 18,5 milhões de hectares. Os números do adido não representam a estimativa oficial do órgão.
A revisão deve-se ao aumento da produtividade, proporcionado pela expansão do plantio de soja sobre áreas antes destinadas a outras culturas e pelo volume de chuvas mais alto que a média histórica, efeito do fenômeno El Niño.
Parte das lavouras de milho, trigo e pastagens deve ceder lugar para a soja, criando um espaço adicional de 100 mil hectares para o plantio da oleaginosa. Dependendo do plantio de outros produtos, a área de soja poderá ultrapassar os 19 milhões de hectares.