Culturas de verão no Rio Grande do Sul devem render até 23,2 milhões de toneladas de grãosOlhando para o céu à espera de boas notícias, os agricultores gaúchos devem colocar as sementes no solo com perspectiva de se aproximar e, talvez, superar o recorde histórico de produção de grãos no Estado. O primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de verão (2009/2010), divulgado ontem, indica que os produtores podem colher até 23,2 milhões de toneladas de grãos no próximo ano, projeção apenas 1,13% abaixo do melhor resultado, colhido em 2007.
A Conab não está prevendo eventos meteorológicos que podem frustrar a safra, mas, como o indicador leva em conta a média da produção dos últimos cinco anos (quando o Estado viu pelo menos duas secas e casos de enchentes), a produtividade do campo está um pouco abaixo do potencial, explicou Ernesto Irgang, gerente de desenvolvimento e suporte estratégico do órgão no Rio Grande do Sul. Porém, se o clima não frustrar os agricultores, Irgang acredita que o rendimento pode aumentar neste ano, cooperando para o superação do recorde de 2007.
– A diferença é muito pequena. Se o clima ajudar, podemos superar a safra 2006/2007 – disse.
Os dados da companhia mostram que os preços das commodities estão forçando os produtores a reduzir o plantio do milho para se concentrar na soja, atualmente com melhor possibilidade de retorno. A área plantada do milho pode cair entre 5% e 8%, enquanto a soja, subir entre 2% e 4%.
– Como as duas culturas são plantadas na mesma época, o produtor está optando pela soja – explicou Irgang.
Apesar da redução de área, a produção total de milho deve crescer entre 14% e 18% no Estado, um fenômeno explicado pela baixa produtividade das lavouras no ano passado, quando a estiagem afetou o cereal. Segundo Tarcísio Minetto, consultor econômico da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul, o preço dos insumos está mais baixo e pode ajudar a impulsionar o resultado. Minetto estima que o custo de produção pode cair entre 10% e 20%.
– A tendência é usar mais insumos, o que aumenta a produtividade. Mas o que está em jogo é o clima. Não existe entusiasmo. O que há são produtores que querem continuar a sua atividade. Mesmo que a renda seja zero, eles vão plantar – concorda Amauri Miotto, diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul.
No Brasil, a produção deve aumentar entre 2,9% e 4,8%, chegando a até 141,6 milhões de toneladas. O recorde é de 144,1 milhões de toneladas. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística também divulgou uma projeção agrícola, mas referente à safra 2008/2009 do país, com colheita estimada de 134,1 milhões de toneladas.