Mesmo com a previsão de queda de 8,2% na área do cereal no Estado, aumenta a oferta de semente transgênica
Com a previsão de crescimento no plantio de milho transgênico na safra que está sendo semeada pelo Estado, aumenta também a preocupação entre produtores e entidades ligadas ao meio rural sobre o risco de contaminação do cereal comum pelo modificado geneticamente. A estimativa inicial da Emater é de que a área total de milho em território gaúcho seja de 1,275 milhão de hectares.
Conforme a Associação de Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), apesar da redução de 8,2% em comparação ao ciclo anterior do cultivo, o avanço do transgênico é resultado da maior oferta de sementes desse tipo. No ano passado, primeira em que o milho transgênico estava autorizado no país, a proporção em relação ao grão convencional era de 2%. Em 2009, saltou para 35%.
Junto com a curiosidade dos produtores para experimentar variedades de sementes resistentes à lagarta e herbicidas, por exemplo, existe a preocupação dos que não pretendem investir no milho geneticamente modificado. Segundo o chefe da Emater de Ibarama – município onde desde 2008 há uma associação de defesa do milho crioulo –, Giovani Ronaldo Rigon Vielmo, o temor é que o cereal convencional seja contaminado durante a fase de polinização das plantas. O pólen que é liberado de uma lavoura de transgênico pode se dispersar com o vento ou insetos e fecundar o milho convencional próximo.
Para que isso não ocorra, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) estabeleceu em agosto normas para a coexistência de produção de milho geneticamente modificado e convencional. Conhecido por sua resistência aos transgênicos, o Paraná considera que as regras não são suficientes para evitar a contaminação. Na safrinha foram realizadas experiências para verificar se as normas da CTNBio são adequadas, mas ainda não há conclusão do estudo.
– Nossa preocupação é com o produtor que opta pelo convencional. Ele pode ser prejudicado com a contaminação, caso perca um contrato de exportação exclusivo de milho orgânico, por exemplo, se o teste na hora do embarque acuse que é transgênico. O milho transgênico é um avanço, mas queremos garantir essa opção de manter o convencional entre os agricultores – enfatizou o engenheiro agrônomo Marcelo Silva, do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária do Paraná.
Para o coordenador da Comissão de Grãos da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, Jorge Rodrigues, o agricultor precisa respeitar as normas estabelecidas para o plantio do milho transgênico. Segundo o dirigente, as regras foram estabelecidas para não haver a contaminação em outras áreas de milho convencional. Rodrigues destaca também que só o respeito às normas garantirá a máxima eficiência da nova tecnologia.
Um fator que pode ajudar no respeito a essas regras é a fiscalização do Ministério da Agricultura. Embora no Estado sejam poucos fiscais agropecuários aptos a percorrer o interior atrás de irregularidades, ao menos nessa safra eles sairão ao campo. No ano passado, não houve fiscalização por falta de kits que testam se as lavouras são convencionais ou transgênicas.