Arroz - Primeira quinzena fecha com preços em retração
Data:
19/10/2009
A Conab divulgou esta semana que 83% dos contratos de opção de arroz foram exercidos pelos produtores no prazo determinado (até 15 de outubro). O volume está acima do que esperava o setor, mas indica claramente que o mecanismo fez toda a diferença na formação de preços ao produtor entre julho e outubro de 2009. O final desta referência de preços, no entanto, já tem efeito negativo sobre a comercialização, segundo o indicador Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias (BVMF), que indica uma retração de 3,12% nos valores praticados nos primeiros 16 dias de outubro.
Segundo o indicador, a saca de arroz em casca de 50 quilos (58x10) colocada na indústria gaúcha na última sexta-feira era cotada, em média, a R$ 27,65, ou US$ 16,17. A média semanal ficou em R$ 27,82 e US$ 16,27. As grandes indústrias, bem abastecidas por um avanço nas posições de compra desde o final de agosto, percebendo que os produtores não teriam mais a referência dos mecanismos do governo para dar sustentação aos preços, se retiraram do mercado ou buscaram uma posição defensiva, aguardando a oferta do arrozeiro e forçando baixa das cotações para consolidar novas compras.
A posição do Mercosul, com o aquecimento de oferta, principalmente do Uruguai, via Jaguarão, com preços médios altamente competitivos, são o pano de fundo para este cenário de retração nos parâmetros de preços. Em setembro o Brasil importou quase 10 mil toneladas a mais do que exportou, em razão da desvalorização do dólar frente a moeda brasileira. Seguindo-se este movimento cambial, cada vez menos o Brasil será competitivo para exportar arroz e cada vez mais competitividade terá o arroz do Mercosul. Entre vender produto a 16 dólares no Brasil e em terceiros países, muitas das empresas “platinas” não têm dúvidas de carrear seus estoques para o Brasil. Até porque, segundo números oficiais, o Brasil “precisa” de importações para manter um estoque equilibrado.
Muitos analistas já acreditam em atualização dos números do estoque de passagem da Conab “para cima”, no próximo levantamento de intenção de plantio e safra de arroz. Além da companhia ter ampliado o estoque público com os contratos de opção que foram exercidos, ainda há uma oferta aparentemente maior de produto privado do que o estimado oficialmente. Nem mesmo a informação “sugerida” por setores de produção sobre os “escassos estoques do Mercosul” parecem fazer efeito nos preços internos neste momento. E o aumento das importações ratifica isso.
Mesmo que menores do que o normal, os estoques de Uruguai e Argentina entrando no Brasil a preços competitivos se tornam “grandes” e podem representar um inchaço desnecessário no volume de passagem. Isso poderá representar alguns reais a menos no bolso do produtor e alguns reais a mais nos custos do governo com os estoques e a regulação de mercado. Na semana que passou o setor produtivo conseguiu burocratizar ainda mais e aumentar os custos das importações, em busca de equilíbrio nos níveis de competitividade e redução da vantagens pró-Mercosul. A Justiça determinou que as cargas de arroz que entrarem no Brasil deverá ser avaliadas em laboratório para identificar resíduos de agrotóxicos não autorizados no Brasil ou de pragas exóticas. Além disso, o arroz importado terá que pagar a taxa CDO. Só que as indústrias têm até 24 meses para faze-lo.
Ao mesmo tempo que a indústria já espera leilões de venda de produto do governo federal, os produtores voltaram a pressionar por mecanismos de comercialização que determinem um referencial de preços na casa dos R$ 30,00.
Diante deste cenário, o mercado gaúcho paga, em média, de R$ 27,50 a R$ 28,00 pela saca de arroz de 50 quilos, em casca, padrão 58x10. Pólos industriais remuneram um pouco acima, embora com preços em queda, na faixa de R$ 28,10 a R$ 28,50, de maneira mais comum. Variedades nobres no Litoral Norte são cotadas, em média, a R$ 31,00.
A Corretora Mercado indica preço médio de R$ 27,50 para a saca de arroz de 50 quilos, R$ 55,00 para a saca de 60 quilos do produto beneficiado (tipo 1), e manteve os preços dos derivados em R$ 27,00 o canjicão, R$ 260,00 a tonelada do farelo de arroz e R$ 21,00 a saca de quirera.
A safra gaúcha segue sendo semeada com atraso. Segundo a Emater, apenas 14% da área foi semeada até a última quinta-feira.