Trigo - Moinho da Multigrain será reativado em novembro
Data:
27/10/2009
A tão esperada reativação do moinho de trigo Multigrain, no Distrito Industrial de Cuiabá, está confirmada para o próximo mês de novembro. Com capacidade de moagem de 150 toneladas por dia e levando-se em conta a perda no processo de moagem, o moinho deverá atender a cerca de 25% do consumo interno, estimado em 10 mil toneladas por mês, permitindo a redução dos preços da farinha de trigo e do pão francês para o consumidor final. Todo o consumo de Mato Grosso é comprado da Argentina e do Sul do Brasil.
Na opinião do agrônomo Hortêncio Paro, responsável pelo Programa de Apoio à Expansão da Cultura Sustentável do Trigo em Mato Grosso (Protrigo), da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Empaer), a produção desta cultura é viável e só depende da retomada do moinho para se expandir no Estado.
Com inúmeros experimentos bem-sucedidos para o desenvolvimento da cultura, mas sem tradição na produção do grão, os produtores mato-grossenses esperam a retomada da indústria para investir na plantação do trigo com mais segurança. “Afinal, para quem venderíamos a matéria-prima no mercado regional e como escoaríamos o produto para ser beneficiado em outras regiões se Mato Grosso não conta com uma boa logística de transporte?”, pergunta o agrônomo.
Para ele, este é o principal gargalo enfrentado pelos triticultores mato-grossenses e que vem emperrando o desenvolvimento da cultura do trigo no Estado.
“A verdade é que os produtores querem mesmo uma garantia em relação à comercialização do produto. Produzir para não ter a quem vender é dar um tiro no escuro”, afirma Paro.
Ele já realizou inúmeros experimentos sobre o trigo em Mato Grosso e conclui que a cultura é viável no Estado. “Os ensaios realizados até agora foram altamente favoráveis e só falta mesmo o produtor deslanchar o plantio em escala comercial”.
Segundo ele, em 2007 Mato Grosso chegou a plantar 500 hectares de trigo na região de Primavera do Leste e Alto Taquari, sul de Mato Grosso, com produtividade média de 2,3 mil quilos/hectare. “É uma boa produtividade para a nossa região e acreditamos que temos condições de melhorar ainda mais o rendimento médio por hectare no Estado”, frisou o agrônomo.
Este ano novas experiências com trigo estão sendo desenvolvidas em Mato Grosso e, de acordo com o especialista, “todas as metas estão sendo alcançadas”.
UNIDADES - Ele destaca a implantação de unidades de observação de trigo de sequeiro na Cooperfibra, em Campo Verde (131 Km ao sul de Cuiabá), e na Fazenda Saturno, em Alto Taquari (479 Km ao sul de Cuiabá).
Foram implantadas ainda quatro unidades demonstrativas de trigo irrigado na fazenda Tomazetti, acima de 600 metros de altitude, e nas fazendas Branca, São Francisco e Possamai, localizadas nos municípios de Lucas do Rio Verde e Sorriso, no médio norte estadual.
De acordo com o proprietário da Fazenda Possamai, Romário Possamai, a cultura do trigo em Mato Grosso “tem viabilidade econômica, mas depende de incentivos fiscais, principalmente em relação ao ICMS da energia”, uma vez que a propriedade trabalha no sistema de irrigação.
“Está provado através dos experimentos realizados pela Empaer que a cultura do trigo é economicamente viável no Estado e, por isso, é preciso buscar projetos sólidos para seu incentivo e cultivo”, frisa.