Soja - Safra estadual de soja pode atingir novo recorde
Data:
05/11/2009
Em um momento de incertezas do mercado, com taxa cambial defasada, falta de armazéns e baixos preços, a soja deverá surpreender nesta safra com a maior produção da história em Mato Grosso. A área plantada também deve ser recorde. De acordo com o último levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o plantio terá expansão de 3,50% em relação à safra anterior, passando de 5,70 milhões de hectares para 5,90 milhões de hectares.
Já a produção deverá saltar de 17,40 milhões de toneladas para 18 milhões de toneladas, caso seja confirmado o aumento da produtividade. O recorde atual de produção pertence à safra 2004/05, com 17,90 milhões de toneladas. Na safra 08/09, ainda de acordo com o Imea, a produção foi de 17,40 milhões de toneladas.
“O recorde de produção poderá ser alcançado por causa do fator clima - que este ano está perfeito e vem colaborando com o plantio – e o aumento da produtividade. Tudo indica que se a safra continuar neste ritmo, poderemos chegar a 18 milhões de toneladas”, afirma o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Carlos Favaro.
Segundo ele, a expansão do plantio não significa abertura de novas áreas no Estado. “Na verdade, teremos uma migração da cultura do algodão para a soja”, explica, acrescentando que o plantio está “correndo dentro do normal”, indicando uma melhor produtividade. Favaro acredita que 60% de toda a área de soja já estejam plantados. “Aqueles que ainda não plantaram já estão com os insumos adquiridos, aguardando o momento oportuno”.
CÂMBIO
A expectativa de safra recorde se dá em um ambiente de adversidades para o produtor. “Com o câmbio baixo, as contas não fecham”, afirma Favaro, para quem há duas alternativas para minimizar o problema: “Ou o governo federal toma uma medida para mexer no câmbio, ou lança um programa de escoamento de produção”.
Ele diz que o que mais chama a atenção nesta safra é a defasagem cambial. “É muito difícil visualizar um bom cenário para as exportações com as taxas abaixo de R$ 1,80”.
Por conta disto, as vendas no mercado futuro seguem atrasadas. O Imea diz que até agora os negócios não chegam a 30%, sendo que historicamente a média no mês de novembro era de 50%. “O produtor está totalmente sem proteção e o risco é muito grande para ele”.
A saca para entrega futura, por exemplo, está cotada em US$ 15,5, ou pouco mais de R$ 26 ao câmbio de R$ 1,70, para entrega no mês de março. “É a pior cotação que já vimos para a soja nos últimos anos”, aponta Favaro.
Para os analistas, vender agora não é um bom negócio porque o produtor não consegue remunerar os custos de produção. Se o sojicultor vender a soja a US$ 15 e colher 50 sacas, terá uma receita de US$ 775 por hectare, para uma despesa média de US$ 650 (custos). Ganhará US$ 125 por hectare. Porém, o produtor terá de pagar arrendamento de terra (US$ 52/hectare) e outras despesas, como máquinas e equipamentos, em torno de US$ 30. “No final das contas, a margem [de lucro] fica praticamente empatada com os custos, daí a cautela dos produtores mato-grossenses em antecipar as vendas neste momento de baixa do mercado”.
Na avaliação dos especialistas, o cenário atual é desfavorável para o produtor antecipar vendas. “O mercado está muito ruim, ninguém está fazendo nada neste momento porque os preços para o próximo ano, caso a soja seja vendida agora, na maioria das regiões – salvo no sul do Estado – terão margens negativas. Por isso o produtor não deve ter pressa e procurar agir com a máxima cautela”.
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Em um momento de incertezas do mercado, com taxa cambial defasada, falta de armazéns e baixos preços, a soja deverá surpreender nesta safra com a maior produção da história em Mato Grosso. A área plantada também deve ser recorde. De acordo com o último levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o plantio terá expansão de 3,50% em relação à safra anterior, passando de 5,70 milhões de hectares para 5,90 milhões de hectares. 