O Brasil anunciou limites à importação de trigo dos EUA. O cereal integra lista de 222 itens divulgada, ontem, pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) em resposta aos subsídios oferecidos pelo governo norte-americano a produtores de algodão. A retaliação foi autorizada pela OMC e deve trazer reflexos para o mercado tritícola no Mercosul. "Essa atitude pode alterar o cenário na América do Sul, permitindo que os países aumentem preços. Mas o Brasil terá que importar de outros mercados, isso é certo", avalia o presidente do Sinditrigo, GersoPretto. Uma das opções é a Argentina. Contudo, o momento é delicado. Recentemente, o Brasil suspendeu as autorizações automáticas de importação de farinha de trigo do país vizinho, o que dificulta o trânsito de cargas, mas ainda não provoca efeito na comercialização. Segundo Pretto, o produto argentino chega ao Brasil por preços entre 20% e 30% inferiores.
Para o presidente da Comissão de Trigo da Farsul, HamiltoJardim, a medida é positiva, pois os produtores gaúchos terão um concorrente a menos. Porém, não deverá se refletir em melhor remuneração. "Com o real em alta, o Brasil pode comprar de qualquer país. Canadá e França já tentaram negociar o produto com o Brasil e quase um milhão de toneladas de trigo uruguaio devem entrar no país."
Para garantir que os moinhos comprem mais dos triticultores gaúchos, Jardim afirma que será solicitado aumento da TEC de 10% para 35% na reunião da Câmara Setorial de Culturas de Inverno, hoje, em Brasília. Também serão sugeridas salvaguardas na importação de produtos de dentro do Mercosul.
A lista da Camex ainda inclui frutas, soro de leite e preparações para bebidas. Segundo o Ministério da Agricultura a relação definitiva dever ter, pelo menos, 460 milhões de dólares, volume mínimo de comércio a ser mantido com o país. Em 2008, o Brasil importou dos EUA 318 milhões de dólares só de trigo.